Procuradora da República
participou de audiência pública sobre criação de comitês de bacias
hidrográficas dos rios Tapajós e Amazonas
A criação
dos comitês das bacias hidrográficas dos rios Tapajós e Amazonas deve garantir
a efetiva representatividade da sociedade civil nessas instâncias de decisão,
defendeu o Ministério Público Federal (MPF) durante audiência pública realizada
pela câmara municipal de Santarém, no Pará, no último dia 26.
Segundo a
procuradora da República Fabiana Keylla Schneider, os comitês têm que contar
com a participação de entidades que contribuam com conhecimentos técnicos e com
representantes que contribuam com o conhecimento tradicional de uso dessas
águas. Por isso, é essencial a garantia de assento às comunidades tradicionais,
como quilombolas, indígenas, ribeirinhos e pescadores, disse a
representante do MPF na audiência pública.
"É
essencial a criação do comitê de bacia hidrográfica para que sejam analisadas e
estabelecidas as prioridades de uso dos recursos naturais, mas tão essencial
quanto a criação do comitê é a sua composição. O comitê não existe para
garantir participação partidária, mas para pluralizar o diálogo",
ressaltou.
Prevista
pela Lei das Águas (lei nº 9.433/1997), a instituição do comitê de bacia e a
aprovação do plano de recursos hídricos são condições obrigatórias para que a
Agência Nacional de Águas (ANA) outorgue direito de uso de recursos hídricos.
Como a
lei vem sendo descumprida em toda a Amazônia, em novembro de 2014 o MPF
encaminhou à Justiça Federal em seis estados da Amazônia um pacote de ações
para proteger os recursos hídricos da região.
Em março
de 2015 a Justiça Federal do Amazonas ordenou que a ANA se abstenha de emitir
Declaração de Reserva de Disponibilidade Hídrica (DRDH) para qualquer
empreendimento que esteja sendo licenciado na bacia dos rios Solimões e
Amazonas enquanto não for instituído o comitê de bacia e aprovado o plano de
recursos hídricos.
Durante a
audiência pública foi discutida a formatação do comitê interestadual de bacias
dos Estados do Amazonas, Pará e Amapá.
Ao evento
realizado pela câmara de Santarém também compareceram representantes da ANA,
Ministério de Minas e Energia, Universidade Federal do Oeste do Pará, Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, Instituto Chico
Mendes de Conservação da Biodiversidade, Serviço Florestal Brasileiro e deputados
estaduais do Amapá, entre outras instituições.
Ao final,
foi decidida a criação de uma comissão que organizará os próximos passos para
constituição do comitê.
Ministério
Público Federal no Pará
Assessoria
de Comunicação
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