quinta-feira, 6 de abril de 2017

Pesquisas auxiliam no melhoramento da cadeia produtiva do Pará

O cacau e o açaí são importantes produtos do agronegócio no estado do Pará. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o estado é o maior produtor nacional de açaí e o segundo maior de cacau. Para fortalecer ainda mais essa posição no mercado, o Centro de Valorização Agroalimentar de Compostos Bioativos da Amazônia (CVACBA) da Universidade Federal do Pará, instalado no Parque de Ciência e Tecnologia Guamá (PCT Guamá), desenvolve pesquisas de aperfeiçoamento e qualidade dos frutos com foco nos benefícios à saúde dos consumidores. O trabalho é feito junto a produtores dos municípios de Tomé-Açu, Medicilândia e Placas.

Uma das ações de rotina do centro é verificar a fermentação e a secagem da semente do cacau, beneficiando esses processos de forma a obter derivados que auxiliem na prevenção de doenças cardiovasculares. É o chamado chocolate funcional, que contribui para a manutenção da saúde ao fornecer maior quantidade de nutrientes e menor quantidade de calorias.
“Para garantir o melhor resultado, nós otimizamos o processo de fermentação, a parte da secagem e de torrefação. Também identificamos os microorganismos responsáveis pela fermentação e os isolamos para, assim, podermos reutilizá-los na própria cadeia produtiva, como no reaproveitamento da casca do fruto”, explica o pesquisador e diretor do Centro de Valorização Agroalimentar, Jesus Souza.
O objetivo é repassar o conhecimento para os produtores e, desta forma, aperfeiçoar as cadeias produtivas. “Se houver interesse, o agricultor pode trazer seu produto e nós fazemos a análise. Outra missão é conhecer melhor o cacau produzido na Amazônia”, explica o pesquisador.
O Centro de Valorização Agroalimentar é formado por um grupo com mais de 20 anos de experiência em pesquisas de compostos bioativos da Amazônia. O laboratório oferece serviços que possibilitam o controle de qualidade em produtos de origem vegetal nas áreas de ciência e tecnologia de alimentos, farmacêutica, química, biotecnológica e cosmetológica, entre outras.
O laboratório funciona com oito unidades que são preparadas para receber o ISO 17025 (certificação internacional de qualidade em análises de laboratório). O grupo também já possui patentes registradas sobre o melhoramento do aproveitamento da polpa do açaí, do qual foram retirados a gordura e os compostos bioativos, resultando em um produto final mais saudável.
“Para que o Centro ganhasse destaque no estado e no resto do País foi preciso que os laboratórios seguissem normas internacionais rigorosas. E o Parque foi pensado para atender essas normas”, pontua o pesquisador e gerente técnico do Centro de Valorização Agroalimentar, Fábio Moura.
Tecnologia de ponta com desenvolvimento pautado pelo conhecimento
O PCT Guamá é o primeiro parque tecnológico a entrar em operação na Amazônia. O complexo reúne laboratórios em Biotecnologia, Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC), Energia, Tecnologia Ambiental e Tecnologia Mineral, com uma equipe de mais de mil pessoas envolvidas em diferentes áreas do conhecimento e quatro empresas instaladas em módulos, além de 10 startups que viram no PCT uma grande oportunidade de negócio.
Startups são empresas com custos de manutenção muito baixos, mas que conseguem crescer rapidamente e gerar lucros cada vez maiores. Para atender estas novas ideias, o PCT Guamá tem um setor especifico: a Unidade de Negócios, que oferece serviços de gestão da inovação, atendimento empresarial, busca e captação de recursos, inteligência competitiva e suporte à transferência de tecnologia.
As empresas associadas ao Guamá Business se beneficiam de um network qualificado, da vinculação da marca ao primeiro parque de ciência e tecnologia da Amazônia e dos serviços de captação de recursos e inteligência competitiva com custos reduzidos em 20% na comparação com os praticados pelas melhores empresas do mercado.
Para Antônio Abelém, diretor presidente da Fundação de Ciência e Tecnologia do Guamá, o PCT transforma o conhecimento em avanços para a ciência, tecnologia e inovação. “Se nós quisermos um modelo de desenvolvimento para o Estado que seja pautado no conhecimento, esse caminho deve passar necessariamente pela utilização de ambientes de estímulo ao empreendedorismo inovador, que façam com que o conteúdo desenvolvido nas universidades seja transformado em benefícios para a sociedade e aplicado em forma de insumos e serviços”, destaca.
E uma dessas ferramentas de sucesso é o Espaço Inovação, inaugurado em 2016. Com seis laboratórios de diferentes áreas tecnológicas equipados com o que há de mais moderno, o Espaço presta serviços e desenvolve pesquisas para atender a demanda dos empresários, para que se tornem mais competitivos e aperfeiçoem seus produtos.
O PCT Guamá conta com mais cinco centros de pesquisas, com expertise em diferentes áreas do conhecimento, que estão preparados para tornar estas empresas mais competitivas. São eles: o Laboratório de Alta Tensão, o Centro de Excelência em Eficiência Energética da Amazônia (Ceamazon), o Laboratório de Engenharia Biológica, o Laboratório de Óleos Vegetais e Derivados e o Laboratório de Sensores e Sistemas Embarcados.
“O projeto do governo do Estado denominado ‘Pará 2030’ prevê a verticalização e o fortalecimento das cadeias produtivas. Por isso, seu fortalecimento precisa de espaços como o Parque de Ciência e Tecnologia para que as empresas tenham confiança e reconheçam a competência e infraestrutura adequada para o seu desenvolvimento”, destaca Abelém.
Os recursos investidos na construção e consolidação do PCT são oriundos do Governo do Pará por meio da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Educação Técnica e Tecnológica (Sectet), em parceria com o Banco de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
O secretário de Estado de Ciência, Tecnologia e Educação Técnica e Tecnológica, Alex Fiúza de Melo, explica que muitos produtos que circulam na economia paraense são frutos de pesquisas científicas que antecedem a sua circulação. “Muito do que está sendo investido pelo governo do Estado compõe-se de pesquisas que desenvolvem tecnologias e conhecimentos em forma de produtos”, comenta.
Para o titular da Sectet, o PCT do Guamá é um grande investimento do governo que abriga grandes laboratórios de ponta credenciados a fazer uma certificação de qualidade, o aperfeiçoamento genético de produtos em ambientes mais sofisticados e servir às cadeias produtivas que movimentam o agronegócio e a biodiversidade no estado.
“Não basta trazer empresas para a região, é preciso dar a elas uma retaguarda científica que possibilite experimentos com os produtos, além de permitir e melhorar os processos de produção e a qualidade da matéria prima que será gerada pelas empresas”, destaca Fiuza.
 Fonte: Agência Pará

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