Três pesquisadores de uma empresa terceirizada pela Eletrobrás são
mantidos reféns por índios Munduruku desde a última sexta-feira (21), na
cidade de Jacareacanga,
no oeste do Pará. Segundo Valdenir Munduruku, umas das lideranças
indígenas, os pesquisadores teriam sido encontrados no rio Tapajós,
próximo a uma aldeia.
De acordo com nota divulgada no site do Conselho Indigenista
Missionário (Cimi) neste sábado (22), cerca de 25 pesquisadores foram
retirados da terra indígena Munduruku pelos próprios indígenas, na
última sexta (21) em Jacareacanga. Os técnicos estariam coletando
amostras da fauna e flora da região para os estudos ambientais e de
viabilidade das usinas hidrelétricas do rio Tapajós, que afetarão o
território da etnia.
"O que nós fizemos foi uma ação política, de resistência. Nós soubemos
que tinha pesquisadores na região há pelo menos dois meses. Fomos atrás
deles e trouxemos para a cidade. Eles estavam divididos em duas equipes,
uma de pesca e uma de mata. Nós encontramos a equipe de pesca próximo a
aldeia Amanhanã. Trouxemos o chefe das equipes para Jacareacanga, com
outros dois, para que eles chamassem todos os pesquisadores pra cidade",
relata Valdenir.
Além dos pesquisadores, todo o equipamento usado por eles, como
computadores, redes de pesca, máquinas fotográficas e armadilhas foram
apreendidas pelos indígenas. Ainda segundo o indígena, mesmo com as
manifestações e negociações em Brasília, as pesquisas na região não
pararam e os índios se sentem traídos pelo governo, e conta como foi a
operação dos índios.
"Tudo correu bem. Eles [os pesquisadores] não imaginavam. Conversamos
com eles, foi tudo tranquilo. Agora estamos esperando todos chegarem, e
coordenador que vem de Itaituba. Não vamos deixar continuar esse
trabalho", diz Valdenir. A Polícia Civil está no local monitorando a
situação.
Segundo pronunciamento do porta-voz do cacique geral do povo Munduruku,
Jairo Saw, divulgado pelo Conselho Indigenista Missionário, "os
pesquisadores já estão na quarta etapa de estudo, já na fase final e
previsto para apresentarem o relatório final do EIA – RIMA no mês de
novembro".
Uma carta dos índios divulgada no Cimi, os Munduruku afirmam: "Nós
deixamos claro para o governo federal que não iríamos deixar entrar
nenhum pesquisador nos nossos territórios. Nós vamos liberar
pacificamente este grupo, mas alertamos que não toleraremos mais essa
postura por parte do governo federal e dos empreendedores que querem
construir barragens".
Os indígenas temem uma ação violenta da Força Nacional, que chegou
neste sábado (22) em Jacareacanga, em um avião da Força Aérea
Brasileira. "Esperamos que esses militares não tenham vindo para nos
atacar, mas sim para defender o nosso direito pela nossa terra, a lei e a
Constituição", argumenta a carta.
Por meio da assessoria de imprensa, a Eletrobrás confirmou que três
biólogos são mantidos reféns desde a tarde da última sexta (21). A
assessoria confirmou que os índios confiscaram os equipamentos e os
registros das pesquisas.
A Eletrobrás disse ainda que as pesquisas estão sendo feitas para
verificar a viabilidade hidrelétrica do rio Tapajós e que os
pesquisadores não estavam em terras indígenas. A empresa afirma que vai
pedir que as autoridades de segurança tentem negociar a liberação dos
reféns de forma pacífica.
Fonte: G1
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