Os últimos dias foram marcados por dois fatos
nada bons no combate à dengue. No dia 21, cientistas publicaram uma
pesquisa no periódico cientifico PLoS One mostrando que o mosquito Aedes
aegypti, que transmite a dengue, criou resistência
ao dietiltoluamida (DEET), princípio ativo comum em repelentes.
Para completar a má notícia, o Ministério da Saúde divulgou na segunda-feira (25) o aumento do número de casos
em 190% em relação a 2012 para o período de 1º de janeiro a 16 de
fevereiro). E, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), mais
de 2,5 bilhões de pessoas em todo o mundo corre o risco de contrair a
doença. Atualmente, a estimativa da OMS é de que a dengue infecte entre
50 e 100 milhões de pessoas todos os anos e cerca de meio milhão sejam
hospitalizados por causa da doença.
Em resumo: a situação está se complicando apesar dos dados do Ministério da Saúde também terem mostrado uma diminuição de 20%
no número de mortes.
A boa notícia – finalmente – é que os pesquisadores estão
testando soluções para o problema da dengue. Uma delas é a criação de
mosquitos transgênicos que não geram descendentes vivos. A ideia é
simples. Como a dengue é transmitida apenas pelas fêmeas do
Aedes
, cria-se uma combinação de genes nos machos que faz com que ao copular com as fêmeas, as larvas não sobrevivam.
A primeira tentativa de criar essa combinação foi utilizando a chamada técnica de irradiação. Nela, os machos do Aedes
recebiam uma carga de radiação que provocava lesões nas gônadas (órgão
em que se produz as células sexuais utilizadas na reprodução),
tornando-o estéril. A tecnologia não foi em frente pois a radiação
também prejudicava os outros órgãos dos mosquitos, tornando-os menos
capazes de copular.
Uma empresa inglesa chamada Oxitec usou então o mesmo conceito de “macho estéril”, nome “oficial” dos Aedes
machos submetidos à irradiação, com uma outra tecnologia: a transgenia.
A linhagem foi então adaptada ao Brasil por uma equipe liderada por
Margareth Capurro, do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade
de São Paulo SP, e está sendo produzida em escala pela empresa pública
Moscamed
.
A tecnologia foi testada nos bairros de Mandacaru e Itaberaba, na cidade de Juazeiro, Bahia, em 2011
e 2012. Os resultados mostraram uma diminuição de cerca de 90% na
incidência do mosquito que era muito alta nos dois locais. Em julho de
2012, o ministro da saúde Alexandre Padilha inaugurou uma fábrica de
machos estéreis transgênicos na cidade com a capacidade de produzir
quatro milhões deles por semana. O primeiro local a recebe-los será
Jacobina, também na Bahia, município com 79 mil habitantes que teve
1.647 casos de dengue e dois óbitos devido à ela apenas no primeiro
semestre de 2012.
Fonte IG
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