A edição anterior foi marcada por erros e quebra de sigilo
Depois de uma série de falhas no Enem 2009, o Inep quer que a edição 2010 do exame seja marcada pela segurança. Segundo José Soares Neto, presidente do Inep, o principal requisito para contratação da gráfica, que vai imprimir os cadernos de questões, foi a segurança e não o preço. Para Neto, é muito importante resgatar a credibilidade do Enem, minada por uma série de falhas, desde o vazamento da prova até a divulgação de gabaritos errados.
- Estamos cuidando de todos os detalhes. O Exército e a Marinha estão ajudando, as polícias militares de todos os estados e a Polícia Federal também. Os Correios são a instituição contratada para fazer a distribuição. Há uma estrutura de logística só para o Inep. Isso envolve um cuidado bastante grande desde a saída da gráfica até a distribuição nos locais de prova - explica.
GLOBO: A maioria dos candidatos reclamou do pouco tempo para realizar muitas questões de enunciados longos. Os professores também apontaram várias falhas na prova. Isso será levado em conta na formulação do exame deste ano? De que forma?
JOAQUIM JOSÉ SOARES NETO: As pessoas que estão cuidando do Enem são bastante experientes. Todas as críticas, tanto dos estudantes como os professores, serão consideradas pelo Inep.
Como professor, o senhor acha pertinentes essas críticas?
NETO: Não posso fazer comentários pessoais sobre o exame, pois represento a instituição, mas estou bastante alerta sobre tudo o que a sociedade está falando.
Fora a inclusão de língua estrangeira, haverá alguma outra modificação este ano?
NETO: Não haverá nenhuma outra modificação estrutural. Mas, no processo de montagem da prova, serão levadas em consideração as críticas. O exame estará bastante bem cuidado.
Os alunos terão acesso a novas questões simuladas?
NETO: Não, pois o Inep não tem esse hábito. Apenas fez isso no ano passado, pois apresentou um novo modelo. Como a nova estrutura já é de conhecimento público, não há por quê.
Então não haverá professores e fiscais guardando provas em casa antes da aplicação, como no ano passado?
NETO: De forma alguma. Em todos os locais por onde a prova vai passar haverá uma estrutura de segurança máxima.
E quanto à redação, a correção on-line não facilita a possibilidade de fraude? Tomamos conhecimento, por um corretor, de que basta ele fornecer o login e a senha dele para que qualquer pessoa tenha acesso.
NETO:O tempo todo o sistema checa quem está corrigindo. Os corretores trabalham sob a orientação de um coordenador, e há um controle muito grande da qualidade do trabalho deles.
Esse corretor também disse que há uma corrida monetarista para corrigir mais redações em menos tempo. Isso não prejudica a qualidade da correção?
NETO:Limitamos a quantidade de redações por corretor e, se percebemos que não está correspondendo, ele é trocado.
Por que os estudantes não têm direito à revisão da redação como nos demais vestibulares?
NETO: O Enem é assim historicamente. Há um processo bastante cuidadoso de correção por duas pessoas capacitadas. Quem corrige a primeira vez não tem a menor ideia de quem será a outra pessoa, porque o sistema faz isso de forma aleatória. Temos tido sucesso. O Inep não tem recebido uma quantidade expressiva de reclamações que coloque em dúvida a qualidade da correção. Se houver discrepância na nota, há uma terceira avaliação por outro corretor. Por isso, não vejo necessidade de pedido de revisão.
Mas essa terceira correção só acontece se a discrepância for maior que 5 pontos na redação do Enem, quando nos outros vestibulares usualmente é de 2. O senhor não considera alta?
NETO:Não acho alta a discrepância. São vários os critérios pelo país em cada vestibular sobre a forma da pontuação, e o Enem também tem uma estrutura de como pontuar. O estudante pode ficar tranquilo porque a nota dele reflete aquilo que ele escreveu.
Até que ponto o ranking é um fator bom para avaliar as escolas?
NETO: O Inep não informa ranking, mas a nota média de cada escola, que é importante para saber como está seu desempenho, desde que haja um processo de reconhecimento dos estudantes que participaram da prova. Temos a obrigação de tornar públicas essas informações. A partir dessa nota, as próprias escolas terão condições de tomar decisões sobre a qualidade do trabalho que estão realizando, e as famílias poderão escolher os colégios diante dessas informações.
E de que forma isso pode ser útil no caso das escolas públicas, que são a de pior desempenho?
NETO: São instituições de diferentes naturezas com diferentes tipos de financiamento. Mas, a partir do resultado do Enem, tem que ser feito um diagnóstico e depois políticas de avanço na qualidade de educação.
Como será tratada a questão dos sabatistas este ano?
NETO: No processo de inscrição, estava clara a opção por sabatista, e houve uma discussão com praticantes de religiões que guardam o sábado. Fazemos um grande esforço de respeito em relação a eles. Temos uma estrutura no período normal e outra no período noturno, para garantir que eles façam a prova.
Mas houve um diálogo específico com os judeus ortodoxos, que não puderam fazer o Enem 2009 no sábado?
NETO: Não há condições de ser em outro dia porque todo o processo de impressão e distribuição e logístico é único. Se colocar em outro dia, vamos ter que duplicar todo o esforço, trazendo um custo financeiro altíssimo. Embora eles sejam em menor número, teríamos que ter uma outra prova e transportar para locais em segurança e sigilo. É importante eles entenderem que estamos fazendo um esforço grande em atendê-los, mas que também temos limitações.
Mas não foi gasto mais dinheiro na contratação do consórcio Cespe/Cesgranrio com a dispensa de licitação e na escolha da gráfica RR Donnelly Moore, que não ofereceu o menor preço?
NETO: Toda a estrutura de contratações levou em consideração o caráter complexo de segurança e sigilo. Exigimos isso em todos os atributos. Há mais fiscais atuando, pois vimos que era necessário esse reforço. O requisito da gráfica foi segurança máxima. No edital, todos os pontos foram muito detalhados para isso. Com todo esse cuidado, o preço final por aluno é bastante razoável em relação ao custo final da operação, se comparável ao processo de qualquer vestibular do país. Mais do que razoável, é mais baixo.
Então os alunos podem ficar tranquilos de que não haverá vazamento de prova, nem questões anuladas por erro ou pela divulgação de gabaritos errados?
NETO: O Inep está trabalhando com forte afinco e seriedade diuturnamente para garantir todo o processo com segurança e precisão. Estamos fazendo o nosso melhor, tudo o que está ao nosso alcance para que, nos dia 6 e 7 de novembro, os alunos cheguem a seus locais de prova e façam o exame com a máxima tranquilidade.
Não haverá alunos precisando viajar para fazer a prova em outro município como em 2009?
NETO: A alocação está levando em consideração a residência do estudante, para que ele faça a prova num local próximo à sua casa. Se ele colocou o endereço direitinho na inscrição, ele será alocado perto de onde mora.
Com informações de OGlobo
Depois de uma série de falhas no Enem 2009, o Inep quer que a edição 2010 do exame seja marcada pela segurança. Segundo José Soares Neto, presidente do Inep, o principal requisito para contratação da gráfica, que vai imprimir os cadernos de questões, foi a segurança e não o preço. Para Neto, é muito importante resgatar a credibilidade do Enem, minada por uma série de falhas, desde o vazamento da prova até a divulgação de gabaritos errados.
- Estamos cuidando de todos os detalhes. O Exército e a Marinha estão ajudando, as polícias militares de todos os estados e a Polícia Federal também. Os Correios são a instituição contratada para fazer a distribuição. Há uma estrutura de logística só para o Inep. Isso envolve um cuidado bastante grande desde a saída da gráfica até a distribuição nos locais de prova - explica.
GLOBO: A maioria dos candidatos reclamou do pouco tempo para realizar muitas questões de enunciados longos. Os professores também apontaram várias falhas na prova. Isso será levado em conta na formulação do exame deste ano? De que forma?
JOAQUIM JOSÉ SOARES NETO: As pessoas que estão cuidando do Enem são bastante experientes. Todas as críticas, tanto dos estudantes como os professores, serão consideradas pelo Inep.
Como professor, o senhor acha pertinentes essas críticas?
NETO: Não posso fazer comentários pessoais sobre o exame, pois represento a instituição, mas estou bastante alerta sobre tudo o que a sociedade está falando.
Fora a inclusão de língua estrangeira, haverá alguma outra modificação este ano?
NETO: Não haverá nenhuma outra modificação estrutural. Mas, no processo de montagem da prova, serão levadas em consideração as críticas. O exame estará bastante bem cuidado.
Os alunos terão acesso a novas questões simuladas?
NETO: Não, pois o Inep não tem esse hábito. Apenas fez isso no ano passado, pois apresentou um novo modelo. Como a nova estrutura já é de conhecimento público, não há por quê.
Então não haverá professores e fiscais guardando provas em casa antes da aplicação, como no ano passado?
NETO: De forma alguma. Em todos os locais por onde a prova vai passar haverá uma estrutura de segurança máxima.
E quanto à redação, a correção on-line não facilita a possibilidade de fraude? Tomamos conhecimento, por um corretor, de que basta ele fornecer o login e a senha dele para que qualquer pessoa tenha acesso.
NETO:O tempo todo o sistema checa quem está corrigindo. Os corretores trabalham sob a orientação de um coordenador, e há um controle muito grande da qualidade do trabalho deles.
Esse corretor também disse que há uma corrida monetarista para corrigir mais redações em menos tempo. Isso não prejudica a qualidade da correção?
NETO:Limitamos a quantidade de redações por corretor e, se percebemos que não está correspondendo, ele é trocado.
Por que os estudantes não têm direito à revisão da redação como nos demais vestibulares?
NETO: O Enem é assim historicamente. Há um processo bastante cuidadoso de correção por duas pessoas capacitadas. Quem corrige a primeira vez não tem a menor ideia de quem será a outra pessoa, porque o sistema faz isso de forma aleatória. Temos tido sucesso. O Inep não tem recebido uma quantidade expressiva de reclamações que coloque em dúvida a qualidade da correção. Se houver discrepância na nota, há uma terceira avaliação por outro corretor. Por isso, não vejo necessidade de pedido de revisão.
Mas essa terceira correção só acontece se a discrepância for maior que 5 pontos na redação do Enem, quando nos outros vestibulares usualmente é de 2. O senhor não considera alta?
NETO:Não acho alta a discrepância. São vários os critérios pelo país em cada vestibular sobre a forma da pontuação, e o Enem também tem uma estrutura de como pontuar. O estudante pode ficar tranquilo porque a nota dele reflete aquilo que ele escreveu.
Até que ponto o ranking é um fator bom para avaliar as escolas?
NETO: O Inep não informa ranking, mas a nota média de cada escola, que é importante para saber como está seu desempenho, desde que haja um processo de reconhecimento dos estudantes que participaram da prova. Temos a obrigação de tornar públicas essas informações. A partir dessa nota, as próprias escolas terão condições de tomar decisões sobre a qualidade do trabalho que estão realizando, e as famílias poderão escolher os colégios diante dessas informações.
E de que forma isso pode ser útil no caso das escolas públicas, que são a de pior desempenho?
NETO: São instituições de diferentes naturezas com diferentes tipos de financiamento. Mas, a partir do resultado do Enem, tem que ser feito um diagnóstico e depois políticas de avanço na qualidade de educação.
Como será tratada a questão dos sabatistas este ano?
NETO: No processo de inscrição, estava clara a opção por sabatista, e houve uma discussão com praticantes de religiões que guardam o sábado. Fazemos um grande esforço de respeito em relação a eles. Temos uma estrutura no período normal e outra no período noturno, para garantir que eles façam a prova.
Mas houve um diálogo específico com os judeus ortodoxos, que não puderam fazer o Enem 2009 no sábado?
NETO: Não há condições de ser em outro dia porque todo o processo de impressão e distribuição e logístico é único. Se colocar em outro dia, vamos ter que duplicar todo o esforço, trazendo um custo financeiro altíssimo. Embora eles sejam em menor número, teríamos que ter uma outra prova e transportar para locais em segurança e sigilo. É importante eles entenderem que estamos fazendo um esforço grande em atendê-los, mas que também temos limitações.
Mas não foi gasto mais dinheiro na contratação do consórcio Cespe/Cesgranrio com a dispensa de licitação e na escolha da gráfica RR Donnelly Moore, que não ofereceu o menor preço?
NETO: Toda a estrutura de contratações levou em consideração o caráter complexo de segurança e sigilo. Exigimos isso em todos os atributos. Há mais fiscais atuando, pois vimos que era necessário esse reforço. O requisito da gráfica foi segurança máxima. No edital, todos os pontos foram muito detalhados para isso. Com todo esse cuidado, o preço final por aluno é bastante razoável em relação ao custo final da operação, se comparável ao processo de qualquer vestibular do país. Mais do que razoável, é mais baixo.
Então os alunos podem ficar tranquilos de que não haverá vazamento de prova, nem questões anuladas por erro ou pela divulgação de gabaritos errados?
NETO: O Inep está trabalhando com forte afinco e seriedade diuturnamente para garantir todo o processo com segurança e precisão. Estamos fazendo o nosso melhor, tudo o que está ao nosso alcance para que, nos dia 6 e 7 de novembro, os alunos cheguem a seus locais de prova e façam o exame com a máxima tranquilidade.
Não haverá alunos precisando viajar para fazer a prova em outro município como em 2009?
NETO: A alocação está levando em consideração a residência do estudante, para que ele faça a prova num local próximo à sua casa. Se ele colocou o endereço direitinho na inscrição, ele será alocado perto de onde mora.
Com informações de OGlobo
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