terça-feira, 19 de maio de 2009

Produção de mel no Pará chega a 200 mil toneladas

A extração do mel das abelhas é feita pelos homens desde a pré-história, que sempre buscou novas fontes para retirar o favo, que não era separado, era uma mistura de mel, pólen, cera e crias. No Egito antigo, cerca de 2400 anos a.C., os homens começaram a colocar as abelhas em potes de barro, tornando o transporte e cultivo dos enxames mais fáceis. No Brasil, se criam abelhas há bastante tempo, mas o desenvolvimento dessa atividade só ocorreu a partir de 1955, quando se realizou em São Paulo a 1ª Semana de Apicultura e Genética de Abelhas.

Com a vinda das abelhas africanas para o Brasil em 1956, os apicultores perderam apiários devido à ferocidade com que elas atacavam outras espécies e as transformavam em espécies agressivas. Hoje em dia, o cenário se modificou graças à introdução de técnicas para o correto manejo dos apiários. Outro fator foi a ampliação do mercado apicultor, proporcionada pela crescente demanda por produtos naturais e saudáveis como o mel e seus derivados

Segundo o presidente da Federação das Associaçõees de Apicultores do Estado do Pará, Gerson de Moraes, a apicultura é um tipo de agricultura familiar que mais cresce na região. 'Estamos produzindo mais de 200 mil toneladas de mel e somos o quinto maior produtor do Brasil e com maior potencial apícola', conta Moraes. Nos próximos anos, de acordo com ele, a perspectiva é de que a produção de mel cresça em dobro, já que há muitos apiários no Estado que ainda não são contabilizados pela federação.

Gerson de Moraes diz também que existem alguns projetos sendo implantados que abrirão novos postos de trabalho, mas como é uma atividade em que a mão-de-obra é especializada, ainda é difícil encontrar apicultores trabalhando para terceiros. 'Normalmente ele trabalha para si, já que a implantação da apicultura é relativamente barata diante de outras atividades agrárias. A apicultura não depende exclusivamente do mercado agrícola do País, tendo sua produção independente da situação econômica da lavoura', ressalta.

Apicultores são aos profissionais que trabalham com a confecção dos produtos das abelhas, tais como mel, própolis, geléia real, pólen e etc. Esse profissional deve conhecer e apreciar o universo e o cultivo das abelhas, o funcionamento de uma colméia e saber todas as informações necessárias sobre sua reprodução e biologia. A extração dos produtos das abelhas é uma função que exige do profissional cuidados específicos. O apicultor tem também a necessidade de se aprofundar no conhecimento sobre plantas e flores, bem como sobre seu plantio, para melhor desenvolvimento de sua produção apiária.

Trabalho árduo, mas que tem retorno imediato

No próximo dia 22, comemora-se o Dia do Apicultor. A profissão não necessita de uma formação específica, porém, o profissional precisa ser capacitado para desenvolver as atividades de apicultor. Para isso, basta realizar os cursos de capacitação e iniciação à apicultura. No Pará, os cursos são realizados pelo Serviço de Apoio às Pequenas e Médias Empresas do Pará. Há também os profissionais com formação acadêmica na área de Zootecnia, Veterinária, entre outraos.

De acordo com o pesquisador da Embrapa Amazônia Oriental, Giorgio Venturieri, é muito difícil ter uma grande empresa envolvida nesse sistema de mercado. 'Profissional autônomo, o apicultor pode exercer suas atividades sem a presença de mais produtores, pois é o único responsável por todo o processo de produção das abelhas, necessitando assim de uma área rural disponível para a instalação do apiário. Cerca de 80% dos apicultores são da agricultura familiar, pois é uma profissão que requer pouco investimento incial', afirma o pesquisador.

'Só o dono vai aguentar ficar no sol, com uma vestimenta muito quente e pegando ferrada de abelha. É um trabalho árduo, mas que tem retorno imediato, ou seja, no prazo de um ano', justificou. Segundo Venturieri, 'a vantagem para o agricultor familiar é que o mel pode ser estocado até seis meses, que não estraga, além de ter um valor absoluto alto de mercado. A maioria das atividades agrícolas devasta o meio ambiente, já para criação de abelhas, não há necessidade disso. A comida das abelhas está nas flores. Ele cria e planta ao mesmo tempo'.

Venturieri explica também que os apicultores paraense trabalham com abelhas sem melhoramentos genéticos. 'A criação de abelhas nativas de outras regiões causam impacto ao meio ambiente. As instituições de pesquisas têm de ensinar aos apicultores que trabalhar com abelhas geneticamente em atividades é a maneira correta, pois melhora a produtividade com a família genética e poupa o meio ambiente de invasão de abellhas exóticas, ou seja, de outras regiões', disse.

Há 12 anos trabalhando como apicultor, Aprígio Souza, de 35 anos, destaca a importância da atvidade em sua vida, pois além de não exigir uma formação acadêmica é uma atvidade geradora de renda. Integrante da Associação de Apicultores de Castanhal (Apac), Aprígio diz que as abelhas são agentes polinizadores das espécies vegetal. 'O produto tem uma importância ambiental que é a polinização das espécies vegetal, pois aumenta a quantidade e melhora a qualidade dos frutos', contou.

Exportação

No primeiro quadrimestre deste ano, o principal destino das exportações brasileira de mel foi os Estados Unidos, que consumiram 62% do total comercializado. Já na Europa, a Alemanha foi o principal importador do produto, com uma média de 21% das exportações. Somente nos quatro primeiros meses deste ano já foram exportados cerca de 10,59 mil toneladas de mel.

Houve também um aumento de 103% nas quantidades exportadas, em relação ao mesmo período do ano anterior. O preço médio do quilo de mel subiu de US$ 2,40 para US$ 2,59 o quilo.


O Liberal

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