Perfis falsos em redes de relacionamento, mensagens ofensivas, ameaçadoras e até fotomontagens em sites de prostituição. Crimes com consequências devastadoras, protegidos pela ilusão de anonimato. Isso mesmo: ilusão, porque hoje já é possível identificar rapidamente e punir os criminosos com até três anos e meio de prisão.
De 1997 até hoje no Brasil, foram mais de 17 mil decisões judiciais relacionadas ao chamado "direito eletrônico". Casos como o de Roberta, que processou uma rede de relacionamentos que divulgou um perfil falso dela.
“Fizeram um perfil falso como se eu fosse uma menina de programa, dando meu endereço, telefone, nome completo, colocando a empresa onde eu trabalho”, conta Roberta Honorato, promotora de eventos.
Ou casos como o de uma ex-professora que sequer mostra o rosto. Há 4 anos, quando um ex-namorado divulgou fotos íntimas na internet, ela perdeu dois empregos, teve que mudar de profissão e vive escondida até dos amigos.
“Vivo com medo, me sinto vigiada, não dou o nome verdadeiro para as pessoas”, conta ela. Na Justiça, o ex-namorado foi condenado a pagar R$ 50 mil, mas ainda pode recorrer da sentença.
“Eu acho que R$50 mil é pouco, porque é um problema que eu nunca vou conseguir me livrar”, diz Joana.
A publicitária Priscila Sobral também foi vítima em um site de relacionamentos. “Começou como uma brincadeira de mau gosto, me chamando de gordinha, de gorda, me comparando com baleias. Depois que ela tentou me prejudicar com meu trabalho ela montou também um perfil em sites pornográficos com fotos de outras mulheres, fotos pornográficas. Não colocaram meu rosto, mas dependendo das fotos você não conseguia identificar a pessoa”, conta a publicitária.
Priscila recebeu ainda e-mails ameaçando sua vida e a vida de seu filho, de apenas quatro anos. A agressora não quis dar entrevista. E a queixa-crime, que ainda está no Foro de Santo Amaro (SP), foi desvendada graças ao IP.
O IP é a identidade que todo computador tem e que indica o endereço do proprietário, uma informação você mesmo pode descobrir: “Eu venho na opção arquivo.
Eu só preciso ver as propriedades da mensagem, venho em detalhes, depois em cabeçalhos da internet para esta mensagem. É no cabeçalho da mensagem que está o endereço IP”, explica José Mariano de Araújo Filho, delegado da Polícia Civil delegacia de meios eletrônicos.
Depois que a polícia consegue identificar o dono do endereço IP o que acontece?
“Nós simplesmente pedimos uma busca e apreensão para que a gente possa na casa daquele criminoso ou do pretenso criminoso obter a informação direto do computador dele”, explica o delegado.
O músico Tico Santa Cruz recentemente foi vítima de um perfil falso no Twitter, outra rede de relacionamentos.
“Esse perfil falso estava usando meu nome para agredir, ofender, humilhar. Comecei a conhecer o sistema, conversar com as pessoas, entender como funcionava e cheguei até o criador da conta. A única coisa que eu fiz foi comunicar à Delegacia de Crimes de Internet, porque se alguém entrasse com uma ação contra mim por danos morais ou difamação eu estaria resguardado”, conta o músico.
“Todos nós que usamos as novas tecnologias, acabamos por avançar os limites da lei. É perigoso, temos que tomar todas as cautelas que tomamos no mundo físico”, alerta o advogado Renato Blum.
Fantástico
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