Celebrado mundialmente ontem (19) - quando também é comemorado o Dia de São José - , a figura do artesão pode ser facilmente associado a preservação do meio ambiente. Esse é o contexto trabalhado pela Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Pará (Emater) que utiliza o artesanato como estratégia para geração de emprego e renda sob o foco da sustentabilidade, e com isso contribuindo para a melhoria da qualidade de vida.
Segundo o coordenador técnico da Emater, Paulo Lobato, a utilização de produtos não madeireiros que a floresta disponibiliza representa um fator positivo tanto economicamente quanto ambientalmente. “Ao coletar sementes, cascas, cipós e óleos, entre outros componentes, o artesão, não agride a natureza. Além disso, a atividade chega como uma complemento da renda familiar e em algumas vezes é a renda principal e por isso temos o trabalho de capacitação contínua junto a esse público”, explica.
Em Abaetetuba, na região tocantina, a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Pará (Emater) desenvolve junto aos agricultores um trabalho de conscientização da preservação dos buritizeiros, árvore da qual é extraído o miriti. Durante o manejo dos açaizais nativos, nos quais geralmente cresce o buritizeiro, vamos mostrando os cuidados com a palmeira e a necessidade da reprodução de forma ordenada. Entre os grandes símbolos do trabalho em miriti está a cobra-que-mexe.
Em Salinopolis, no nordeste paraense, mulheres das comunidades do bairro do Guarani II, Santa Rosa, Bairro Atlântico e Alto Pindorama, aprendem a produzir peças artesanais por meio de capacitações ofertadas pelo escritório local da Emater, como forma de organização social para geração de renda alternativa junto a várias localidades do município e que já beneficiou 50 famílias.
A empregada doméstica Ana Maria Magalhães, uma das participantes, já conta com essa renda extra a partir do artesanato. “Já fiz outros cursos de esqueletização de folhas e reciclagem de caixas e de aplique de tecidos, com isso tenho uma outra forma de ganhar dinheiro”, afirma Ana Maria, que vende guardanapos, toalhas e arranjos de flores e tem uma renda alternativa que varia de R$ 600 a R$ 800 mensais. De acordo com a técnica social da Emater, Teodora Golenhesky, responsável pelo trabalho, o objetivo é a geração de renda extra para compor o orçamento familiar, uma vez que durante os cursos, as mulheres produzem guardanapos, toalhas, embalagens para presentes e outros itens que podem ser vendidos com facilidade.
Em Salvaterra, na Ilha do Marajó, um projeto da Emater ajuda na preservação das cueiras, árvore nativa e em abundância na região, que vem sendo utilizada na fabricação de artesanato. A cuia se transforma em bonecos, arranjos de parede e utensílios nas mãos de 16 mulheres atendidas diretamente pela Emater, por meio de chamada pública do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), residentes na Vila de Joanes e que integram a Associação Educativa Rural de Joanes (AERJ). A estimativa é de acréscimo de pelo menos 20% na renda familiar.
O artesanato produzido na AERJ, que também pode ser feito por encomenda e de forma personalizada, não só contribui com a renda das famílias, como não impõe nenhuma agressão ao meio ambiente. As artesãs utilizam também sementes para biojóias e ossos de peixes, da gurijuba e do bagre, para a fabricação de crucifixos. Tudo é coletado na natureza, contribuindo, portanto, com a preservação do meio ambiente.
Já na Região Metropolitana de Belém, artesãs da capital, Marituba e Benevides, participam de oficinas ministradas pela Emater contribuindo para a renda da família. A artesã Silvane Ferreira transforma as sementes de açaí, jupati e jarina em colares, pulseiras, brincos e até enfeites de sandálias. A produção começou nas capacitações do órgão estadual e ela participa de eventos do segmento. “As feiras na Emater sempre dão bons resultados. Já sou pequena empreendedora e tenho ultrapassado as minhas próprias metas”, diz.
“Além do trabalho de capacitação, a Emater oportuniza que a família produtora possa comercializar em eventos como a Feira da Agricultura Familiar (Agrifal) e a Feira do Artesanato Mundial (FAM), por exemplo, onde pode mostrar e vender seus produtos diretamente para o consumidor e para empresas também. Agregado ao valor de que o produto contribui para a renda de uma família e sem causar prejuízo ao meio ambiente, o que tem apelo principalmente no mercado internacional”, ressalta Lobato.
Fonte: ORM News
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