Houve um tempo no Brasil, após 1964, em que as pessoas não podiam expressar livremente as suas idéias. Foi um período em que todos tinham de se enquadrar e quem agisse de forma diferente do regime era tido como subversivo da ordem e seria preso, torturado e às vezes morto. Foi o tempo em que as músicas tidas como subversivas, eram censuradas e proibidas a sua reprodução nas emissoras de rádio. E o mesmo acontecia com as peças de teatro, que eram proibidas de serem encenadas em público. Até livros de filosofia e sociologia, cujo texto fosse contrário ao regime, eram proibidos de serem vendidos nas livrarias. Era o tempo do slogan “Brasil: ame-o ou deixe-o”, quando muitos acadêmicos, para não serem presos, foram para o exílio no exterior. E neste meio estava o jovem sociólogo Fern ando Henrique Cardoso, que, ao voltar ao Brasil, tornar-se-ia Senador de República em 1982 dedicando-se, no ano seguinte, a campanha das “diretas já”, movimento que buscou a restauração das eleições diretas para Presidente da República, cuja emenda constitucional foi rejeitada pela maioria fiel ao governo militar da época. Mas logo veio a campanha de Tancredo Neves à Presidência, que, mesmo a eleição sendo indireta, entusiasmou toda a nação. E lá estava o FHC.
Com a morte de Tancredo, Sarney assume a Presidência da República. Mário Covas era o líder da maioria. É formado o grupo dos autênticos do PMDB, com FHC. Promulgada a nova constituição em 1988, nasce o PSDB e lá está o FHC. Na primeira eleição direta, Collor se elege presidente. O PMDB e o PSDB ficam na oposição. É aprovado o impeachment de Collor, que logo em seguida é cassado. Assume Itamar Franco. FHC assume o Ministério das Relações Exteriores e torna-se Chanceler. Tempos depois assume o Ministério da Fazenda, implanta o Plano Real e libera os recursos para a topografia do Linhão da Transamazônica. E com o sucesso do Real, que dominara a inflação, elege-se no primeiro turno presidente.
Como presidente, deu continuidade ao Plano Real. Saneou o Sistema Bancário através do “PROER”, cujo programa deu ao Brasil todas as condições de enfrentar a crise de 2009, sendo, inclusive, elogiado pelo presidente Lula. Capitalizou o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal. Renegociou a dívida externa brasileira. Assumiu, pela União, a dívida externa dos estados federados, fato que, aliás, lhe deu muitos dissabores. Criou o FUNDEF, a bolsa-escola, o vale-gás e o PETI, dentro de uma estratégia para manter “toda criança na escola”. Editou a Lei de Responsabilidade Fiscal. Privatizou o sistema de telefonia, propiciando a expansão e a modernização desses serviços, gerando emprego nas operadoras e nas fábricas de telefones e de chips. Privatizou a Vale, tornando-a mais compe titiva, maior e sem deixar de ser brasileira e que, hoje, recolhe tributos. Modernizou o Estado brasileiro, com a criação das agências reguladoras... Enfim, revolucionou a gestão em nosso País.
No que tange à energia, determinou a construção da 2ª etapa de Tucuruí e a conclusão das hidrelétricas de Paredão, no Amapá; Samuel, em Rondônia; Manso, em Mato Grosso; Lajeado, no Tocantins e Xingó em Alagoas. Determinou a implantação de dois circuitos, em 500 Kvolts, da chamada Linha Norte-Sul, que leva a energia de Tucuruí até próximo de Brasília; o projeto Tramoeste, que leva a energia de Tucuruí a Altamira, Itaituba e Santarém, atendendo todos os municípios da transamazônica; o linhão que leva a energia da hidrelétrica de Guri até Boa Vista, em Roraima; além de implantar a ALUNORTE, em Barcarena, fechando o ciclo do alumínio, desde a exploração da bauxita e a sua transformação em alumina, até a fabricação do alumínio em lingotes. E note-se: isso ocorreu a époc a em que a Vale, ainda, era estatal.
Por fim, e até para não cansar o eventual leitor, lembremos que foi na era FHC que foi implantado o voto eletrônico e que tanto orgulho dá aos brasileiros. É este homem, Fernando Henrique Cardoso, que completou 80 anos no último dia 18 de junho e que teve sua obra reconhecida até mesmo pela presidente Dilma, o que atesta que o Brasil de fato mudou, no respeito e no trato político. Parabéns ao FHC e ao Brasil pela colheita.
Publicado em O LIBERAL de 22/06/2011, 1º caderno, pág. 02
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