quarta-feira, 6 de maio de 2009

Voto direto em parlamentares está ameaçado

A lista fechada de candidatos por partido desagrada a maioria dos deputados. Eles temem que haja mais espaço na lista para aliados e alegam que o eleitor vai perder o direito de votar em quem quiser.

Os partidos do governo e da oposição estão negociando mudanças na lei para que o eleitor deixe de votar diretamente no candidato a uma vaga no Congresso e passe a votar em uma lista. Essa proposta de reforma política provocou críticas imediatas.

O presidente da Câmara dos Deputados, Michel Temer (PMDB-SP) trabalha para aprovar as mudanças já para a eleição do ano que vem.

“É preciso ouvir todas as lideranças. Se houver condições para votarmos rapidamente, nós faremos, nós votaremos”, disse Temer.

O deputado Ibsen Pinheiro (PMDB-RS), que ficou encarregado de negociar as mudanças, disse que tem o apoio do PMDB, PT, Democratas, PC do B e parte do PSDB para reduzir a reforma a dois pontos: a lista fechada de candidatos e o financiamento público de campanha.

“Eu acredito que nós já estamos em um acordo com um potencial superior aos 257 votos necessários para instalar a sessão”, afirma Ibsen Pinheiro.

Pela proposta, todas as campanhas seriam financiadas com dinheiro público. O governo federal reservaria R$ 7 por eleitor, o que daria hoje mais de R$ 900 milhões.

O dinheiro seria dividido entre os partidos, de acordo com o número de deputados federais e votos conquistados na última eleição.

Mas o eleitor perderia o direito de votar no candidato. Teria que votar em uma lista fechada, com os nomes escolhidos pelo partido. O partido é que determinaria a ordem dos candidatos na lista.

Para os defensores da lista fechada, os partidos teriam condições de escolher melhor os candidatos, evitando aventureiros.

“O eleitor vai querer. Bom, por que eu vou escolher essa lista? Vou escolher é essa, que é muito melhor, eu conheço esse professor, eu conheço esse médico, eu conheço esse sindicalista, eu conheço esse trabalhador rural”, argumenta o deputado Ronaldo Caiada (DEM-GO).

Mas é grande a resistência contra a lista fechada. Ela desagrada a deputados de todos os partidos. Eles temem que os dirigentes partidários deem mais espaço na lista para os aliados deles e alegam que o eleitor vai perder o direito de votar em quem quiser, o que vai afastá-lo ainda mais do parlamentar.

“Aumentando essa distância, vai piorar a qualidade da representação política”, afirma o deputado Mendes Thame (PSDB-SP).

O deputado Miro Teixeira (PDT-RJ) começou uma campanha contra a lista fechada.

“Nós vamos iniciar uma luta feroz para que isso não ocorra e, se votarem aqui, vamos lutar também nos tribunais. Não acredito que o povo brasileiro aceite abrir mão do direito de escolher diretamente, pelo seu voto, livremente os seus deputados”, avalia o deputado Miro Teixeira (PDT-RJ).



Jornal Nacional

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