Cerca de 20 mil pessoas, segundo a Prefeitura de Altamira, no oeste paraense, estão desabrigadas depois dos temporais que atingiram o município no final de semana. O número corresponde a mais de 20% da população da cidade, que tem mais de 90 mil habitantes. De acordo com o Instituto de Meteorologia do Pará (Inmet), a previsão era que caíssem 100 milímetros de água neste período, mas choveu 226 milímetros em 24 horas - somente de sexta para sábado. Estradas ficaram destruídas, pontes caíram e até dez famílias dividem a mesma casa em solidariedade aos desabrigados. Por causa dos estragos causados pela chuva, a Prefeitura de Altamira decretou estado de calamidade pública.
O coordenador do Inmet, José Raimundo Souza, informou que essa foi uma situação totalmente atípica, pois aconteceu uma irregularidade na distribuição de chuvas no Estado. Essa quantidade de água, na verdade, era para ter caído na região do Marajó. No entanto, a expectativa é que a chuva diminua consideravelmente nos próximos dias. 'Hoje, deve cair uma chuva de intensidade fraca a moderada, o que corresponde a, aproximadamente, 40 milímetros. Os moradores de Altamira podem respirar tranquilos agora', assegurou.
A Defesa Civil do Estado anunciou que vai encaminhar ao município 500 kits de ajuda humanitária com colchões, travesseiros, toalhas, cobertores e 16 itens de limpeza. Além disso, mais três mil cestas básicas também serão enviadas.
A Defesa Civil do Estado anunciou que vai encaminhar ao município 500 kits de ajuda humanitária com colchões, travesseiros, toalhas, cobertores e 16 itens de limpeza. Além disso, mais três mil cestas básicas também serão enviadas.
O tenente Fábio Cardoso de Moraes informou que agora é o momento de garantir a segurança da população. Para isso, serão feitas vistorias na cidade. Inclusive, nas oito barragens que existem em Altamira. Já a suspeita de rompimento de três barragens - que foram as possíveis causadoras da enchente - será investigada pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema). 'As barragens se encontram em fazendas particulares. Com a força da água e o relevo acidentado foi inevitável o que aconteceu. Nunca recebemos denúncia de problemas com as barragens. Mas em uma situação como esta, é necessário que haja o máximo de segurança para a população', explicou.
O tenente da Defesa Civil do Estado disse ainda que a dificuldade de transporte no local é muito grande. Somente uma das quatro pontes que existem no município está em condições de uso. Por causa disso, um abrigo foi improvisado no Parque de Exposições de Altamira. 'Novos abrigos vão ser instalados para fazermos um levantamento que garanta a segurança dos moradores da cidade, que é o mais importante. Vamos coletar dados preliminares', disse.
No momento, o tenente Fábio Moraes informou que não há a necessidade do envio de mais homens da Defesa Civil para o município. O motivo é que no local existem 40 homens do Corpo de Bombeiros, além do Exército 51 Bis e da Polícia Militar de Altamira.
PERDAS
A prefeita de Altamira, Odileida Sampaio (PSDB), disse que lamenta a situação de tragédia em que o município se encontra. O nível do rio Xingu chegou a subir 7 metros - o que atingiu também os igarapés Ambé, Altamira e das Panelas - e mais de 13 bairros ficaram debaixo d’água. 'Sou filha de Altamira, tenho 54 anos, e nunca vi algo parecido em toda a minha vida. Todo ano tem alagamento, mas nunca nessas proporções. Foi a maior enchente da história do município', disse.
A cidade alagou em apenas três horas de chuva e, por causa disso, muitas pessoas perderam tudo o que tinham. A prefeitura informou que já acionou todas as secretarias do município e o Corpo de Bombeiros para resolver a situação. 'Como foi tudo tão rápido, muita gente que tinha viajado no feriado para a área rural do município se surpreendeu quando voltou e viu a cidade destruída. Por causa disso, têm casas com dez famílias, porque não deu tempo de preparar um abrigo adequado para alojar todas as pessoas', informou.
A avenida Tancredo Neves - conhecida também como rua do Aeroporto - teve 12 metros completamente destruídos pela enxurrada. Já a ponte de concreto da avenida Coronel José Porfírio, que liga Altamira a Vitória do Xingu, desabou. Assim como mais quatro pontes da cidade que estão em estado de alerta.
VISTORIA
No início da tarde de ontem, uma equipe da Defesa Civil Estadual e da Sema sobrevoaram Altamira por três horas. O objetivo da vistoria foi a de avaliar a situação das barragens destruídas pelas chuvas e detectar a possibilidade de novos rompimentos. À noite, o major do Corpo de Bombeiros Norat, coordenador da Defesa Civil Estadual, o tenente Piquet, chefe da Defesa Civil Municipal, e representantes da Prefeitura Municipal reuniram-se no quartel do Corpo de Bombeiros de Altamira para discutirem as possíveis soluções para o desastre.
Estado pede investigação sobre construção de barragens clandestinas
O governo do Pará, por meio de nota oficial no site do Estado, disse que, segundo a Coordenadoria Estadual de Defesa Civil do Pará, as chuvas fortes que caíram no final de semana sobre o município de Altamira, atingiram cerca de doze mil pessoas, deixando desabrigados e desalojados. Uma pessoa morreu e mais quatro estão desaparecidas até o momento.
O governo informou ainda que as enxurradas foram ocasionadas pelo rompimento das oito barragens. Defesa Civil Estadual, Defesa Civil Municipal de Altamira, Exército, Corpo de Bombeiros e polícias Civil e Militar trabalham em conjunto para garantir assistência aos atingidos.
Sobre o rompimento das barragens, o governo vai investigar a origem da destruição das represas no último domingo por conta das fortes chuvas em Altamira, a 740 quilômetros de Belém. O anúncio foi feito ontem pelo líder do governo na Assembleia Legislativa, Aírton Faleiro, informando que o Estado mobiliza mais equipes para ajudar na recuperação da cidade.
De acordo com Faleiro, existem fortes indícios de que as barragens, todas construídas pela iniciativa privada, não seguiram as normas técnicas de edificação. 'Não foi apenas um fenômeno natural. Vamos investigar se estas fazendas tinham licença para construir estas barragens. Tudo isso ainda precisa ser explicado. Esta não é a primeira vez que acontece um acidente desses em Altamira. Não se pode por conta de um bem pessoal, causar prejuízo para toda uma população', afirmou o parlamentar.
Ele explicou que desde domingo várias equipes do governo foram enviadas ao local para ajudar no socorro das vítimas da enchente.
O presidente da Assembleia, Domingos Juvenil, também ressaltou que o Estado poderia ter evitado a proporção do desastre. 'Foi algo que poderia ter sido totalmente contornado', afirmou Juvenil, dizendo que a cidade precisa de mais investimentos. 'A situação é grave, o nível da água está alto, geladeiras estavam boiando nas ruas, as pessoas estão desabrigadas e só o Poder Público municipal não tem condições de arcar com todo este prejuízo', afirmou.
Município tem a maior média de chuvas dos últimos 30 anos, diz Inmet
A forte chuva que caiu ontem no município de Altamira, oeste paraense, registrou um índice pluviométrico de 226 milímetros. Segundo o coordenador do Instituto de Meteorologia do Pará (Inmet), José Raimundo Abreu, a quantidade de água atingiu 70% da média histórica mensal já registrada nos últimos 30 anos, que era de 329,4 milímetros.
Além disso, nos últimos doze dias, o município de Altamira já atingiu 346,6 milímetros, também ultrapassando a média histórica. Mas, as chuvas não prometem dá 'trégua' na região. De acordo com o meteorologista continuará chovendo até o final deste mês no oeste paraense, porém com chuvas de intensidade moderada a fraca. Hoje, a temperatura deve alcançar mínima de 23ºC e máxima de 30ºC na região.
'Desde 2005, está chovendo muito acima da média na maioria dos municípios. No ano passado, em Altamira, o índice pluviométrico foi de 541 milímetros, com relação ao mês de abril. Não haverá mais chuvas intensas no município de Altamira. Agora, as chuvas serão moderadas ou fracas. A previsão é que o nível de água atinja 50 milímetros por dia. Por isso, não causará transtornos', afirmou o coordenador.
José Raimundo diz que no município de Soure, a quantidade do líquido atingiu cerca de 552 milímetros, mas devido ao bom escoamento do município não houve catástrofe. 'Em Altamira, o problema não foi somente a chuva, pode estar relacionado à alteração na superfície. Em Soure choveu mais e não houve catástrofe', avalia.
Já na capital paraense, segundo o meteorologista, a previsão também é de chuvas moderadas a fracas no decorrer deste mês. O céu ficará de nublado a encoberto, podendo ter sol entre nuvens em algumas manhãs. 'A maioria das chuvas serão no período noturno e persistirão por várias horas', explicou.
Já na capital paraense, segundo o meteorologista, a previsão também é de chuvas moderadas a fracas no decorrer deste mês. O céu ficará de nublado a encoberto, podendo ter sol entre nuvens em algumas manhãs. 'A maioria das chuvas serão no período noturno e persistirão por várias horas', explicou.
Mas, o meteorologista não descarta a possibilidade de chuvas fortes também na capital. Ele explica que, devido a zona de convergência está posicionada na linha do Equador é possível ocorrer chuvas com forte intensidade. 'As chuvas poderão ultrapassar os 50 milímetros, mas serão inferior a 100 milímetros em 24 horas', explicou.
De acordo com o especialista, todas as vezes que ocorre o fenômeno La Niña - resfriamento das águas no pacífico equatorial -, as chuvas ocorrem acima da média no Estado do Pará. Ainda de acordo com ele, há quatro meses o fenômeno está atuando fortemente na região.
ORM
Nenhum comentário:
Postar um comentário