domingo, 14 de junho de 2015

Pará é o segundo maior alvo de raios na região Norte

O Pará é o terceiro estado da região Norte com maior incidência de raios no primeiro semestre deste ano: 587.741, totalizando 25% do total da região. Em 2015, caíram 10.257 raios a mais que no ano passado (577.484). Já na primeira quinzena do mês de junho, que concentra as descargas, o Pará foi o segundo com 30.588 raios, atrás apenas do Amazonas, com 75.972 descargas. 
Este ano o Brasil registrou 6.484.532 raios e o Mato Grosso concentrou 1.407.419 das descargas, segundo o Sferics Timing And Ranging NETwork (Starnet), que conta com a participação da Universidade Estadual do Ceará (UECE) e da Universidade de São Paulo (USP).
O fenômeno natural já provocou perdas de equipamentos eletrônicos e até de vidas humanas neste ano. A última vítima foi Robson Lameira Marques dos Santos, 24 anos, morto em 8 de maio, após ser atingido por uma descarga elétrica em uma igreja evangélica no 40 Horas.
Foi durante uma pancada de chuva, por volta do meio-dia, que a descarga atingiu a rede de energia e o microfone que Robson usava no final do culto em uma igreja evangélica em construção. O pastor Oracivaldo, responsável pela obra, chegou pouco tempo depois e encontrou o rapaz ainda desacordado no chão.
“Nós ligamos para a ambulância, só que naquela situação ou a gente levava logo para a UPA [Unidade de Pronto Atendimento] ou ele poderia morrer. A gente não podia esperar”, relembra. O rapaz foi levado à UPA, mas não resistiu a uma parada cardiorrespiratória. “No momento do raio só vi o clarão e os estalos. Depois veio a queda de energia, que queimou o transformador no poste e as lâmpadas”, diz.
Vizinhos lembram que a chuva estava se dissipando quando o raio atingiu as proximidades. Os estragos ficaram evidentes na casa de Conceição Costa Souza, 47, que teve vários equipamentos eletrônicos inutilizados. O quarto teve um buraco de aproximadamente cinco centímetros aberto pela descarga elétrica na parede de alvenaria. “TV, DVD, som, ferro de passar, tudo foi perdido. O quarto pipocou todinho”, relata.
Todos os equipamentos estavam ligados à tomada. Após o fenômeno, ao entrar no quarto, Conceição se deparou com tudo estava revirado e uma extensão incendiada.

Explicação

Os raios são produtos do rápido movimento de elétrons (cargas negativas). As cargas se movem tão rapidamente que fazem o ar ao redor se iluminar, resultando em um clarão (relâmpago), e se aquecem, resultando em um som (o trovão). Eles podem ocorrer entre nuvens ou entre nuvens e a terra. De acordo com informações do Grupo de Eletricidade Atmosférica (Elat/INPE), o País está na zona tropical do planeta, área onde o clima é mais quente e favorável a tempestades e raios. Também é esperado que a região amazônica apresente um aumento na incidência do fenômeno nas próximas décadas.
Segundo a chefe da seção de análise e previsão do tempo do 2º Distrito de Meteorologia (Disme/Inmet), Aylsi Nazaré Ferreira, as nuvens cumulus nimbus, que possuem muita energia, são muito frequentes no Pará devido ao clima. “Elas são muito eletrificadas e geram as descargas elétricas. A nossa região está sobre a área equatorial, tem um ar bastante úmido e quente, o que proporciona esses tipos de nuvens”, explica.
A partir de maio, com a transição entre o período chuvoso e o mais quente há maior formação dessas nuvens. Nazaré alerta que o período é característico pelas pancadas de chuva localizadas, com raios e rajadas de vento.
“No período chuvoso um dos fenômenos que causa esses aguaceiros é a zona de convergência intertropical. Ela tem nuvens cumulus nimbus, mas são mais formadas por nuvens médias e baixas. No período menos chuvoso, que é este agora, as nuvens são formadas por sistemas convectivos, o aquecimento sobe e gera a nuvem cumulus nimbus. Elas crescem até 12 quilômetros e geralmente ficam alinhadas ou isoladas”, esclarece.
Fonte: ORM News

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