As manifestações que reuniram quase 2 milhões de
pessoas contra o governo em diversas cidades do Brasil neste domingo ganharam
destaque na imprensa internacional. Sites dos principais jornais do mundo
repercutiram os protestos com imagens das multidões nas ruas do país e análises
da insatisfação dos brasileiros com Dilma Rousseff. Com a manchete "Out, Dilma" ("Fora, Dilma"), a versão
internacional do site da rede americana CNN colocou os protestos no Brasil em
seu destaque principal. A reportagem cita o "clima festivo" nos atos
e diz que os manifestantes protestam contra a corrupção e pedem o impeachment
de Dilma. O governo, contextualiza a CNN, "está lutando em meio a uma
economia fraca e a um enorme escândalo de corrupção envolvendo a estatal de
petróleo do país". A publicação lembra ainda que Dilma foi reeleita em uma
disputa apertada em outubro, mas que "desde então sua taxa de aprovação
despencou junto com a economia".
Um dos principais jornais do mundo, o New York Times ilustrou sua reportagem sobre os
protestos com uma foto da massa de manifestantes no Rio, com a praia de
Copacabana ao fundo. A matéria destaca que as "centenas de milhares"
de pessoas que foram às ruas pedindo a saída de Dilma aumentam ainda mais a
pressão sobre a presidente, enquanto ela enfrenta crises em várias frentes:
"A economia atolada em estagnação, um escândalo de propinas arrebatador e
a revolta de algumas das figuras mais poderosas de sua coalizão
governista", enumera o jornal. O New York
Times lembra também
que os protestos coincidem com os 30 anos da redemocratização do Brasil.
O espanhol El País sintetizou o 15 de março no Brasil em
seu título: "O país pede mudanças no maior protesto de sua democracia.
Manifestantes marcham contra a corrupção e a crise". Além da reportagem
principal, o jornal também trouxe uma análise do correspondente Juan Arias. No
texto, ele diz que, ao contrário do que alguns afirmavam, os protestos não
atraíram apenas os brasileiros das classes mais altas. "O Brasil os
desmentiu categoricamente. Diziam que era o país do 'caviar', o dos ricos, o
que sairia à rua para exigir a cabeça de Dilma. Não foi. Foi o Brasil plural,
foi o Brasil mestiço, o que saiu às ruas sem ideologias nem classes".
Com o título "Grandes protestos no
Brasil exigem o impeachment da presidente Rousseff", a matéria da
britânica BBC relata que os manifestantes acreditam que Dilma sabia do
escândalo de corrupção na Petrobras. A publicação deu bastante destaque às
imagens das multidões pelo país, exibindo fotos dos protestos em São Paulo,
Rio, Belo Horizonte e Brasília. "Muitos manifestantes balançavam bandeiras
do Brasil e vestiam a camisa da seleção de futebol. Eles gritavam slogans
contra a corrupção e o Partido dos Trabalhadores", descreve a reportagem.
A BBC diz ainda que a oposição apoiou os protestos, mas não pediu abertamente
pelo impeachment de Dilma.
No Le Monde,
principal jornal francês, a reportagem sobre as manifestações traz um vídeo com
imagens da Avenida Paulista, em São Paulo, da praia de Copacabana, no Rio, e da
Esplanada, em Brasília. O texto menciona a Operação Lava Jato e os 49
políticos, "em sua maioria membros dos partidos da coligação no poder",
que foram indiciados pela Justiça. A insatisfação com a presidente Dilma é
apontada com dados ilustrando sua baixa popularidade, pressionada por
escândalos de corrupção e uma "economia à beira da recessão".
Os jornais argentinos também acompanharam com
atenção os protestos no país vizinho. O Claríndestacou
o assunto na chamada principal de seu site. "Massivas marchas de protesto
no Brasil contra o governo Dilma", diz a manchete. O periódico registrou
que as manifestações aconteceram nas principais cidades do país, mas que em São
Paulo a mobilização foi "enorme". Para o La Nación, mais de 2 milhões de
brasileiros gritaram "Fora Dilma!" nas ruas do país. O jornal colheu
declarações de manifestantes em São Paulo e descreveu o ambiente amistoso dos
atos. "Famílias com crianças pequenas, grupos de jovens e casais
aposentados, vestidos com a camisa da seleção nacional, cobertos com bandeiras
do país e com o rosto pintado com as cores do Brasil, foram em massa para a
Avenida Paulista".
Fonte: Veja
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