Com o objetivo de discutir propostas compensativas junto ao governo federal pela construção da Hidrelétrica de São Luiz do Tapajós, moradores residentes na comunidade que apadrinha o projeto hidrelétrico se reunirão no próximo dia 16 de novembro, quando pretendem propor uma lista de reivindicações que possam estruturar o lugarejo para contrapor os impactos que serão causados com a construção do complexo hidrelétrico.
De acordo com os moradores, ao contrário do que a empresa Diálogo Tapajós afirma, São Luiz do Tapajós será sim afetada pela implantação da hidrelétrica e deve está incluída entre as comunidades cujo moradores estão sendo cadastrados para futuras compensações pelos danos lhes causados.
Os moradores afirmam que a estrutura hoje existente na comunidade não atende com precisão nem mesmo os atuais moradores, já que os indígenas, que representam a metade dos moradores, não dispõem de posto de saúde, escola e nenhuma estrutura própria, sendo todos atendidos no posto de saúde e na escola da comunidade.
“Com o início deste projeto a escola que hoje temos será insuficiente para atender a grande demanda que será gerada a partir da chegada das famílias que virão em busca de oportunidade,” disse Rildson, o popular Cabila, um dos professores da escola local.
Outro problema sério na comunidade será a assistência na área de saúde que não dispõe de estrutura para atender nem mesmo a população atual (brancos e índios). “Aqui já existe carência na saúde com os funcionários tendo que se desdobrar para atender brancos e índios. Se faz necessário que o posto seja equipado, pois o prédio foi inaugurado sem nem mesmo um ventilador. Nós precisamos de mais medicamentos, auxiliares e uma ambulância que possa transportar os pacientes em casos graves,” afirmou Ana Audilon, presidente da comunidade.
Sem ruas adequadas, falta de água tratada, telefonia quase que inexistente e fornecimento de energia precário, com o complexo hidrelétrico a comunidade que já fica isolada pela água durante seis meses do ano, será atingida em sua principal fonte de alimento, o pescado, que ficará escasso com a construção da barragem com quase 40 metros de altura.
De acordo com Audilon, apesar de todos os problemas expostos, com a implantação da hidrelétrica o que mais preocupa os moradores são os que surgirão no aspecto social, o que provocará uma mudança radical na vida dos moradores. “Os problemas sociais serão inúmeros em função da migração de pessoas não apenas das comunidades que serão inundadas, como também de outras regiões do país, que pra cá virão por se tratar da comunidade que ficará mais próxima do projeto.” Lembrou a líder da comunidade.
Com razão os moradores de São Luiz se mobilizam em busca de estrutura para a comunidade. Apesar de não terem sido eles a pedirem a construção da hidrelétrica, mas sim o governo quem está impondo o projeto, justificado pela carência energética nacional, os comunitários não podem ficar parados esperando que o dono do projeto venha oferecer o que os moradores precisam. É importante os próprios comunitários se adiantem em apresentar suas reivindicações para que a comunidade possa pelo menos amenizar os impactos que sofrerá em consequência da construção dessa hidrelétrica.
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