sábado, 9 de março de 2013

MPF investiga Jader Barbalho por desvio

Senador Jader Barbalho
Foto Ananideuadebates
A área do ranário que pertencia à ex-mulher do senador Jader Barbalho foi invadida no Pará. Segundo os moradores, quando o terreno localizado no bairro Parque Guajará, em Belém, foi ocupado, haviam poucos resquícios do projeto que funcionava há 10 anos no mesmo local.

De acordo com o Ministério Público Federal, o senador recebia uma parcela dos investimentos que seriam para o projeto. O caso está sendo investigado pelo MPF: um dos processos referentes ao ranário foi arquivado em 2011, mas outros dois ainda tramitam em sigilo. A produção da TV Liberal tentou contato com o senador Jader Barbalho, mas ele não foi localizado.

A empresa responsável pelo negócio teria recebido R$ 9 milhões da Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam). Mas, de acordo com o Ministério Público Federal do Pará, não teria aplicado todo o dinheiro. As fraudes na liberação de recursos para projetos financiados pela Sudam começaram a ser investigadas em 1997. O caso virou um escândalo nacional.

"Houve provas, inclusive, um delator, um empresário que servia de laranja para os processos, e que relatou várias reuniões com ele e que era, inclusive, encarregado de fornecer a ele parte que lhe cabia a título de propina", afirma o procurador da República no Tocantins, Rodrigo Luís Bernardo Santos.

Para não ser cassado, Jader Barbalho renunciou ao mandato de senador em outubro de 2001. Quatro meses depois teve a prisão decretada pela Justiça Federal do Tocantins. Jader foi preso em Belém e chegou algemado ao Tocantins, mas foi liberado após passar 13 horas na cadeia.

Investigação
 
As ações que cobram a punição dos acusados de envolvimento no esquema de desvio de dinheiro público da Sudam foram propostas por procuradores do Ministério Público Federal do Pará, Amazonas, Mato Grosso e Tocantins, onde o acusado acumula vinte e quatro ações cíveis.

O rombo seria de mais de R$ 200 milhões, e os valores ainda deverão ser corrigidos. Na ação que investiga o Projeto Agroindustrial de Cereais Dona Carolina S/A, no Tocantins, os procuradores alegam que Jader Barbalho recebia uma comissão de 20% sobre o valor de cada parcela liberada pelo projeto.

Nove parcelas foram liberadas entre os anos de 1997 e 2000, mas, de acordo com as investigações, documenos falsos eram apresentados para demonstrar que o projeto estava sendo executado. Por conta disto, só nesta ação o Ministério Público do Tocantins pede a devolução de mais de R$ 73 milhões aos cofres públicos.

O senador Mário Couto e outros políticos da bancada de oposição marcaram uma audiência no supremo com o ministro Joaquim Barbosa para pedir rapidez no julgamento dos processos do caso Sudam.

"O que nós queremos é o prosseguimento no julgamento daqueles políticos que têm crimes. Por exemplo, aqui no Pará, nós temos um senador que tem crimes de todas as ordens: vai do peculato à formação de quadrilha, desvio de dinheiro público, e que estão há mais de dez anos na gaveta de ministros, e nós precisamos saber por que não julgam, porque o caso, por exemplo, do mensalão, os políticos já foram condenados à cadeia, sendo que é um caso muito mais simples do que este, muito menor, e eles já foram condenados à cadeia", argumenta Mário Couto.

Uma das preocupações dos procuradores que participaram das investigações é com a prescrição das ações penais que pedem cadeia para os acusados. A lentidão do julgamento do caso Sudam pode deixar impune os envolvidos em um dos maiores escândalos de desvio de dinheiro público no país.

"Para o Ministério Público Federal, os crimes são basicamente de peculato, que é o crime mais grave, desvio de dinheiro público mesmo porque havia a conivência dos fiscais e de funcionários da Sudam. Sendo assim, os réus estariam sujeitos a uma pena de até 12 anos,e  não haveria o que se falar em prescrição, mas esse não é o entendimento que tem sido seguido pela Justiça", alerta o procurador Rodrigo Santos.

Fonte: G1 Pará

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