A Proposta de Emenda à Constituição que amplia os direitos dos
trabalhadores domésticos (PEC 478/10), foi aprovada em primeiro turno
pelo plenário da Câmara nesta quarta-feira (21). A proposta prevê, por
exemplo, direito de jornada de trabalho de 44 horas semanais, pagamento
de hora extra e adicional noturno.
A proposta foi aprovada por 359 votos a favor e 2 contrários. Ainda é necessária outra votação, em segundo turno, para que a matéria seja aprovada na Câmara e remetida para análise do Senado, onde também deve ser votada duas vezes. Ainda não há previsão de quando a proposta será votada em segundo turno.
A proposta foi aprovada por 359 votos a favor e 2 contrários. Ainda é necessária outra votação, em segundo turno, para que a matéria seja aprovada na Câmara e remetida para análise do Senado, onde também deve ser votada duas vezes. Ainda não há previsão de quando a proposta será votada em segundo turno.
Deputadas
e deputados fizeram apelo nesta terça (20) pela aprovação da PEC das
Empregadas no plenário da Câmara (Foto: Gustavo Lima/Ag. Câmara)
A proposta, conhecida como PEC das Empregadas Domésticas, garante a
babás, faxineiras e cozinheiras, dentre outros trabalhos exercidos em
residência, direitos que já são assegurados aos trabalhadores urbanos e
rurais, como pagamento obrigatório do Fundo de Garantia por Tempo de
Serviço (FGTS) e seguro-desemprego. Ao todo, 16 direitos trabalhistas
foram incluídos na PEC 478/10.
A relatora, deputada Benedita da Silva (PT-RJ), afirmou que não teme
que haja uma possível queda no número de carteiras assinadas após a lei
ser aprovada. "Todas estas trabalhadoras que não têm carteira assinada
vão querer exigir suas carteiras, e quem não tem vai acabar procurando
outras firmas de emprego", disse.
Dentre os direitos incluídos na proposta, alguns, como hora extra e
jornada de trabalho de 44 horas semanais, podem entrar em vigor de
imediato, após a sanção presidencial. Já outros, ainda precisariam de
regulamentação, como o seguro contra acidentes de trabalho, por exemplo.
A proposta, que foi aprovada na Comissão Especial de Igualdade de
Direitos Trabalhistas, no último dia 7, só conseguiu ser incluída na
pauta desta quarta, após manifestações de parlamentares da bancada
feminina e da Comissão de Direitos Humanos da Câmara. "Queremos que seja
votada em regime de urgência", afirmou Benedita da Silva.
'Passo decisivo'
Em nota, a ministra da Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência, Eleonora Menicucci, disse que a aprovação "é um passo decisivo para o resgate de uma dívida histórica e social com trabalhadores e trabalhadoras domésticas".
Em nota, a ministra da Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência, Eleonora Menicucci, disse que a aprovação "é um passo decisivo para o resgate de uma dívida histórica e social com trabalhadores e trabalhadoras domésticas".
"Com dignidade, elas ergueram o Brasil e, por elas mesmas, lideraram um
processo de base na conquista da ampliação de seus direitos [...] Tenho
certeza de que a votação no segundo turno reafirmará os direitos que
tornam a Constituição brasileira mais cidadã e inclusiva", afirmou
Menicucci, que participa das negociações para aprovar a PEC.
Segundo dados da Secretaria, existem cerca de 7,2 milhões de pessoas no serviço doméstico no país. A pasta calcula ainda que a categoria é composta por quase 95% de mulheres. Entre elas, 60% são mulheres negras.
Segundo dados da Secretaria, existem cerca de 7,2 milhões de pessoas no serviço doméstico no país. A pasta calcula ainda que a categoria é composta por quase 95% de mulheres. Entre elas, 60% são mulheres negras.
Sem carteira
Atualmente, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mais de 5 milhões de empregadas não possuem registro na carteira de trabalho. No Brasil, o trabalho doméstico não é regulado pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), o que não garante direitos assegurados aos demais trabalhadores.
Atualmente, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mais de 5 milhões de empregadas não possuem registro na carteira de trabalho. No Brasil, o trabalho doméstico não é regulado pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), o que não garante direitos assegurados aos demais trabalhadores.
Pela proposta, as empregadas teriam direito a 13º salário, férias,
aviso prévio, recolhimento de FGTS, seguro-desemprego, jornada de 44
horas semanais, recebimento de hora extra, adicional por trabalho
noturno, salário-família e auxílio-creche.
Para Benedita da Silva, a mudança é necessária para combater a
discriminação. "As trabalhadoras domésticas, se ficar esperando que não
tenha uma lei e que haja um acordo entre patrão e empregada, elas nunca
vão ser reconhecidas como trabalhadoras que fazem o mesmo serviço que
alguém faz num restaurante, numa lavanderia ou em qualquer um outro
lugar", afirma.
O sociólogo José Pastore, um dos maiores especialistas em mercado de
trabalho no Brasil, diz que os benefícios deverão encarecer a
contratação. "Eu acredito que a coisa mais urgente a fazer no Brasil era
regularizar a situação atual, ou seja, cumprir os direitos existentes,
antes de criar novos direitos", disse.
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indicam
que cerca de 90% dos domésticos são mulheres. Outros dados apontam que
só 38% das empregadas domésticas são registradas.
Fonte: G1
Nenhum comentário:
Postar um comentário