Barragem construída pela Norte Energia corta Rio Xingu, na região de Altamira, no Pará. (Foto: Divulgação/Greenpeace/Marizilda Cruppe) |
A organização ambiental Greenpeace divulgou na última semana imagens
feitas durante dois sobrevoos realizados na região de Altamira, no Pará,
onde são realizadas obras da usina hidrelétrica de Belo Monte,
construção polêmica do governo federal no Rio Xingu.
As fotos mostram trechos de floresta amazônica que foram suprimidos
para a construção, além da movimentação de máquinas e caminhões na
região.
Segundo o Greenpeace, a área já sofre com impactos da obra como o
adensamento demográfico em Altamira. Levantamento feito pela ONG aponta
que o empreendimento pode desalojar até 40 mil pessoas devido ao
alagamento de uma área equivalente a 516 km².
A Norte Energia, empresa responsável pela construção e futura operação
de Belo Monte, informou que deve investir R$ 3,2 bilhões em ações
socioambientais na região, privilegiando as áreas da saúde, educação,
geração de emprego, renda e segurança pública.
A companhia afirma que, embora o inventário florestal ainda não tenha
sido concluído, “é possível informar que 60% da área ocupada por Belo
Monte é constituída por pastagens e vegetação secundária antropizada
(cobertura nativa substituída pela agricultura)".
A responsável pelas obras disse também que não haverá impacto em terras
indígenas na região do Rio Xingu e que o Projeto Básico Ambiental (PBA)
foi desenvolvido para Belo Monte a partir da licença ambiental
concedida pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais (Ibama).
Canteiro de obras da Norte Energia na região de Altamira, no Pará. (Foto: Divulgação/Greenpeace/Marizilda Cruppe)
Obra
A hidrelétrica ocupará parte da área de cinco municípios: Altamira,
Anapu, Brasil Novo, Senador José Porfírio e Vitória do Xingu. Altamira é
a mais desenvolvida dessas cidades e tem a maior população, quase 100
mil habitantes, segundo o IBGE. Os demais municípios têm entre 10 mil e
20 mil habitantes.
Belo Monte custará pelo menos R$ 25 bilhões, segundo a Norte Energia.
Há estimativas de que o custo chegue a R$ 30 bilhões. Trata-se de uma
das maiores obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), uma
das principais bandeiras do governo federal.
Apesar de ter capacidade para gerar 11.200 MW de energia, Belo Monte
não deve operar com essa potência. Segundo o governo, a potência máxima
só pode ser obtida em tempo de cheia. Na seca, a geração pode ficar
abaixo de 1.000 MW. A energia média assegurada é de 4.500 MW.
Para críticos da obra, o custo-benefício não compensa. O governo
contesta diz que a geração menor evita um alagamento maior e que a
energia é fundamental para o país.
Trecho de floresta que foi suprimido para construção da usina hidrelétrica. (Foto: Divulgação/Greenpeace/Marizilda Cruppe)
Fonte: G1
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