Foto: Neymias Cordeiro |
Por Mauro Torres
A ação de reintegração de posse
foi cumprida por oficiais de Justiça com apoio da Polícia Militar. Pelo menos
quarenta policiais, incluindo o Grupo Tático, participaram da operação. Diante
da resistência de algumas das famílias que ocuparam a área, foi necessário o
uso de um trator para demolir os barracos.
A decisão judicial foi expedida
em favor da empresa Resecon, responsável pela construção das unidades do
residencial Wirland Freire, do programa Minha Casa Minha Vida. A área, com mais
de vinte hectares, foi invadida por um grupo de mais de trezentas famílias, que
se diziam injustiçadas por não terem sido contempladas no programa.
Um flagrante da
operação mostra um homem chorando, sentado ao lado dos escombros do barraco
parcialmente demolido. Junto com ele, está a irmã, que também teve a casa destruída.
“E agora, pra onde nós vamos?”, limitou-se a dizer a mulher.
Maria Madalena conta uma história
emotiva. O marido está em Santarém, em tratamento de saúde. O filho foi
submetido a cirurgia e ela própria passou por cirurgia recentemente. A mulher
conta que se cadastrou no programa habitacional, mas não foi contemplada, e
agora está sem saber a quem recorrer. "Eu queria só saber onde estão os
nossos políticos. Nossos vereadores e a prefeita. Como é que eu vou pagar
aluguel agora, sem ter quem me ajude?", disse aos prantos.
Na verdade, a decisão judicial já
havia sido expedida há mais de vinte dias, mas faltava apoio da Polícia Militar
para cumprir o mandado. O comando da instituição informou que esse tipo de ação
é delicada, e precisa passar por todo um planejamento até que saia a decisão
pelo apoio da segurança. O que reforça essa declaração é que, durante a
operação, houve momentos de tensão e correria. Em manifestação de revolta,
alguns donos de barracos atearam fogo à estrutura.
Segundo o comandante da operação,
capitão Antônio Moura, da Polícia Militar, o trabalho da polícia se limita a
garantir a proteção dos oficiais de Justiça e dos próprios moradores, para que
não aconteça nenhum incidente, como aconteceu no início da desocupação. O
operador da máquina foi apedrejado, e chegou a ser atingido na cabeça, sofrendo
uma lesão. “Nós nos compadecemos pela situação das famílias. Mas, infelizmente,
a lei nos obriga a agir em defesa da ordem judicial. Para os invasores, cabe
cumprir o que está determinado e recorrer, se for o caso”, resumiu o capitão
PM.
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