Outro fator constatado pelas análises
feitas no laboratório da UFOPA e que consta no relatório que será enviado ao MP
é a alteração do Ph das amostras de água. Na vila de Alter do Chão esse índice
está variando de 2,93 a 6,7 o que representa alterações. “Esses índices de Ph
alertou-nos para alguns fatores ou variáveis de contaminação, o que foi
confirmado pelas análises”, disse a professora que também recomenda que sejam
feitas outras análises “fisico-químicas para determinar quais fatores podem
estar favorecendo para que o nível de acidez da água esteja muito alto”.
Para entender o caso - Em
Janeiro de 2015, a Divisão de Vigilância Sanitária da Divisão de Vigilância em
Saúde (DIVISA) realizou análises na água da vila. De acordo com laudo técnico
emitido no dia 15 de janeiro, das seis amostras coletadas, quatro apresentaram
presença deescherichia coli (coliformes). Os locais com
contaminação foram: Cabeceira do Macaco, A Ilha Praia do Amor (em frente à
vila), próximo às barracas, Praia do CAT (próximo à praia do Cajueiro), e
bebedouros da Escola Municipal Antônio Sousa Pedrosa. Estavam livre da bactéria
apenas as coletas oriundas do microssistema de abastecimento que distribui água
para algumas residências e alguns estabelecimentos comerciais da vila.
Desde então, na escola que recebe 667 alunos, em três turnos, os bebedouros
foram interditados. “Os alunos estão bebendo água mineral que a escola está
adquirindo no comércio local”, informou o vice-diretor Pedro Aleixo Reis. Ele
disse também que na escola não foram identificados alunos com os sintomas da
Hepatite A.
De acordo com o diretor da
DIVISA, João Alberto ações emergenciais de saúde estão sendo colocadas em
prática na vila. O posto de saúde está equipado para atender os casos de
Hepatite A, que por ventura sejam diagnosticados, disse ele.
"Estamos realizando exames em grupos de risco como catraieiros,
cozinheiros e outros profissionais para saber se estão com a doença".
Entre as ações preventivas João
Alberto destacou o mini-curso de manipulação de alimentos oferecido aos donos
de restaurantes e funcionários, a distribuição de hipoclorito para a população
e alertas acerca da destinação do lixo. O diretor chama a atenção ainda da
população para a necessidade de cuidados como: “deixar de fazer as necessidades
básicas direto no rio, evitar deixar lixo espalhado pela rua e, principalmente
não ingerir água sem saber a procedência". Isso evitaria mais
contaminação.
O diretor da DIVISA informou que o
monitoramento da água da vila, partir de agora, será feito mensalmente.
Num simples passeio de catraia
(pequenas embarcações a remo que transportam no máximo 4 pessoas para o outro
lado da ilha) é possível perceber canaletas de esgoto despejando dejetos no
rio. “Aquele alí, despeja restos de comida e até óleo dá para ver na água”,
denunciou Givanildo Silva, catraieiro que há 15 anos pilota uma pequena canoa
de madeira, a mesma que levou a nossa equipe para fazer as coletas. Ao longo de
toda orla de Alter do Chão é possível ver esgotos despejando no rio. Os empresários
que atuam na vila também estão bastante preocupados com a situação. “Não
podemos fazer nada sozinhos, precisamos do apoio do poder público. È preciso
fiscalizar as embarcações que ficam ancoradas na frente da ilha”, alertou
Débora Diniz, proprietária de um dos restaurantes mais frequentados da vila.
(Texto e fotos: Lenne Santos
Santos / Comunicação UFOPA)
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