Depois que a presidente Dilma Rousseff desistiu de uma Constituinte exclusiva para fazer a reforma política
cobrada nas ruas pelos brasileiros, mas manteve a ideia de fazer uma
consulta popular sobre o tema, deputados começaram a discutir qual a
melhor forma de questionar a população. Nesta quarta (26), o ministro da
Educação, Aloizio Mercadante, afirmou que a preferência do governo é pelo plebiscito, em vez de um referendo. Entenda a seguir:
Quem propõe?
A competência para propor é do Congresso quando se tratar de questões de relevância nacional.
A competência para propor é do Congresso quando se tratar de questões de relevância nacional.
Como funciona
É convocado por decreto legislativo da Câmara ou do Senado, com proposta que deve ser assinada por no mínimo um terço dos deputados (171) ou de um terço dos senadores (27). A medida deve ser aprovada em cada uma das Casas por maioria absoluta (metade mais um de todos os parlamentares). Na Câmara, são necessários 257 votos favoráveis. No Senado, 41. O referendo pode ser convocado em trinta dias a partir da lei ou medida administrativa.
É convocado por decreto legislativo da Câmara ou do Senado, com proposta que deve ser assinada por no mínimo um terço dos deputados (171) ou de um terço dos senadores (27). A medida deve ser aprovada em cada uma das Casas por maioria absoluta (metade mais um de todos os parlamentares). Na Câmara, são necessários 257 votos favoráveis. No Senado, 41. O referendo pode ser convocado em trinta dias a partir da lei ou medida administrativa.
Depois da votação, o resultado é homologado pelo Tribunal Superior
Eleitoral. O processo ocorre como numa campanha eleitoral, com tempo de
rádio e TV e possibilidade de distribuição de panfletos.
Resultado
Se a população for a favor, o resultado da consulta é levado para o Congresso. Há divergência, no entanto, sobre se o resultado do plebiscito teria que ser seguido pelo Congresso, porque não há previsão expressa na Constituição sobre isso. Para alguns juristas, o resultado do plebiscito poderia ser interpretado apenas como uma consulta, e não como uma "ordem" da população aos deputados.
Se a população for a favor, o resultado da consulta é levado para o Congresso. Há divergência, no entanto, sobre se o resultado do plebiscito teria que ser seguido pelo Congresso, porque não há previsão expressa na Constituição sobre isso. Para alguns juristas, o resultado do plebiscito poderia ser interpretado apenas como uma consulta, e não como uma "ordem" da população aos deputados.
Depois de feitas as escolhas, a implementação das decisões deve ocorrer
por meio dos instrumentos legislativos adequados. Se mudar a
Constituição, deve ser aprovada uma PEC (proposta de emenda à
Constituição, que passa por dois turnos de votação em cada Casa,
exigindo aprovação de 3/5 dos deputados (308) e 60% dos senadores (49)).
Se for o Código Eleitoral, por exemplo, lei complementar, e assim por
diante. Caberia aos parlamentares aprovar detalhes da reforma política
que não tenham sido incluídos no plebiscito.
Quem propõe?
Da mesma forma que o plebiscito.
Da mesma forma que o plebiscito.
Como funciona
Da mesma forma que o plebiscito.
Da mesma forma que o plebiscito.
Resultado
Nesse caso, os deputados já teriam aprovado o texto da reforma política, condicionando sua aprovação definitiva à consulta popular. A população diria se concorda ou não. Se discordar, ela não entra em vigor. O Congresso poderia começar um novo processo, alterando os temas rejeitados, e novamente submeter ao crivo popular por referendo.
Nesse caso, os deputados já teriam aprovado o texto da reforma política, condicionando sua aprovação definitiva à consulta popular. A população diria se concorda ou não. Se discordar, ela não entra em vigor. O Congresso poderia começar um novo processo, alterando os temas rejeitados, e novamente submeter ao crivo popular por referendo.
*Ainda segundo especialistas, não há impedimento para incluir
quantas perguntas forem necessárias em um questionário a ser respondido
pela população, tanto no plebiscito como no referendo.
Casos mais recentes
O último plebiscito realizado no Brasil ocorreu em dezembro de 2011 e abordou a divisão do Pará. O projeto de decreto legislativo havia sido aprovado em maio daquele ano. O processo eleitoral levou sete meses para ser organizado. A população do estado rejeitou a criação dos estados do Carajás e de Tapajós. Naquela ocasião, a consulta custou R$ 19 milhões.
O último plebiscito realizado no Brasil ocorreu em dezembro de 2011 e abordou a divisão do Pará. O projeto de decreto legislativo havia sido aprovado em maio daquele ano. O processo eleitoral levou sete meses para ser organizado. A população do estado rejeitou a criação dos estados do Carajás e de Tapajós. Naquela ocasião, a consulta custou R$ 19 milhões.
No país, também aconteceram três referendos. Em 23 de
outubro de 2005, o povo brasileiro foi consultado sobre a proibição do
comércio de armas de fogo e munições e rejeitou alterar a lei, mantendo o
comércio. Em 1993, foi realizado plebiscito para escolher entre
monarquia ou república e parlamentarismo ou presidencialismo. A consulta
consolidou a forma e o sistema de governo atuais.
Três entidades da sociedade civil - Ordem dos Advogados do Brasil
(OAB), Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e Movimento de
Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE) - apresentaram no dia 24 de junho texto de projeto de lei de iniciativa popular para reforma política.
“A questão estaria mais madura, a
discussão estaria em bases mais sólidas, se tivesse uma discussão no
parlamento antes, com audiências públicas e participação de toda a
sociedade. E aí sim, poderia se fazer um referendo. Seria mais adequado.
Por enquanto, ainda é prematuro convocar um plebiscito. Tem que ter uma
definição da pauta primeiro, porque são questões bastante complexas. É
melhor abrir o debate agora, para, depois, consultar a população.”
Roberto Dias, advogado e professor de Direito Constitucional da PUC-SP
"No referendo a população irá apenas dizer sim ou não à proposta
feita pelo parlamento. A população não tem uma participação direta na
construção da reforma política."
Aloizio Mercadante, ministro da Educação
"Cobraremos do governo federal sua proposta de reforma política,
mas que venha através de uma emenda constitucional. Achamos que esse é o
leito mais seguro, mais natural. Uma reforma que possa ser discutida
pelo Congresso e, se aprovada, submetida a um referendo da população
brasileira."
Aécio Neves (PSDB-MG), senador
"Em princípio, como são matérias e temas muito complexos e que
envolvem muitas variáveis, seria difícil formular questões, perguntas,
que permitissem efetiva deliberação popular prévia [plebiscito]. Poderia
transformar em cheque em branco ao Congresso porque não tem
predefinição dos temas. O instrumento mais adequado me parece o
referendo, porque o Congresso vai ter a oportunidade para debater as
alterações que precisam ser feitas tanto na Constituição quanto nas leis
ordinárias. E, então, submeter a referendo popular."
Gustavo Binenbojm, professor de direito constitucional da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)
"Acho que a força maior está para o lado de consultar a população
através de perguntas diretas num plebiscito. Temos que trabalhar rápido
para que isso possa alterar o sistema para as eleições de 2014."
Henrique Fontana (PT-RS), autor do projeto de lei de reforma política que tramita na Câmara
"A princípio, uma reposta negativa à matéria consultada [por
plebiscito] impede que o Legislativo legisle sobre ela naquele ano, mas
uma resposta afirmativa não vincula necessariamente o Congresso."
Adriana Coiro, pesquisadora da FGV Direito Rio
Fonte: G1
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