quinta-feira, 21 de março de 2013

Grupo de indígenas invade canteiro de obras de Belo Monte

Grupo de indígenas invade canteiro de obras de Belo Monte
Em janeiro de 2013, índios
 ocuparam o sítio Pimental
Um grupo de indígenas invadiu o sítio Pimental, um dos canteiros de obras da Usina Hidrelétrica Belo Monte, em Altamira, no sudoeste do Pará, na madrugada desta quinta-feira (21).

A informação foi confirmada pelo Consórcio Construtor de Belo Monte (CCBM). De acordo com o CCBM, cerca de 50 indígenas fizeram a ocupação, que foi pacífica. Por questões de segurança, as atividades no canteiro de obras foram paralisadas.

Ainda segundo o Consórcio, a Norte Energia será a responsável por enviar representantes para fazer a negociação com os indígenas. O G1 entrou em contato com a Norte Energia, que ainda não tem um posicionamento oficial sobre a manifestação.

Protestos estavam proibidos

Este mês, a juíza da primeira vara cível de Altamira concedeu um mandado proibitório que determina que os movimentos sociais Xingu Vivo e o Movimento de Atingidos por Barragens (Mabe) não realizem qualquer ação em canteiros, sedes administrativas e escritórios de Belo Monte. No documento, a juíza diz que os movimentos estão impedidos de invadir, ocupar, depredar bens e impedir o acesso de funcionários aos canteiros de obras. Em caso de descumprimento, os movimentos vão pagar multa de R$ 50 mil, além de ter que pagar quaisquer prejuízos causados aos responsáveis pela obra.

Protesto anunciado

O Movimento Xingu Vivo anunciou a invasão de hoje em um texto publicado online com a data desta quinta, 21. De acordo com o site do movimento social, que é contra as obras no rio Xingu, índios e ribeirinhos iriam fazer uma nova ocupação no canteiro de obras de Belo Monte.
"Cerca de 150 pessoas, entre ribeirinhos e indígenas Juruna, Xypaia, Kuruaia e Canela, ocuparam o canteiro de obras de Pimental, um do quatro de Belo Monte, na madrugada desta quinta, 21", diz o texto.

De acordo com o movimento, a ação começou às 4h com o bloqueio da estrada de acesso ao canteiro, mas um veículo, que conseguiu furar a barreira, teria acionado a Força Nacional de Segurança, que teria se deslocado para o local para impedir a entrada dos manifestantes na área da obra, exigindo que fosse destacado um porta-voz para negociar as reivindicações. "Como não houve acordo quanto a esta demanda, o grupo todo resolveu entrar no canteiro e seguiu até os alojamentos, solicitando que os trabalhadores deixassem as instalações", detalha o texto.

"Até o momento, as principais reivindicações dos manifestantes se referem às condições da comunidade de Jericoá, que já não consegue mais pescar, recebeu apenas uma parcela das compensações indígenas (a área onde vivem não tem demarcação), não tem água potável (poços artesianos), e seus barcos não suportam o sistema de transposição montado no barramento do Xingu na altura do Pimental (são muito frágeis e quase ocorreu um grave acidente na última semana). Ainda na semana passada, a comunidade procurou a Funai para demandar assistência, mas, de acordo com os manifestantes, foram seguidamente 'enrolados' e não obtiveram nenhuma resposta. Já os colonos do KM 45 querem uma definição sobre a situação fundiária de suas terras, além de energia elétrica, que ainda não chegou às suas casas", afirma ainda o texto do Movimento Xingu Vivo.

Entenda o caso

No início do mês de janeiro deste ano, cerca de 20 lideranças indígenas da tribo Juruna bloquearam o acesso ao sítio Pimental. Com o protesto, operários do Consórcio Construtor de Belo Monte não puderam trabalhar no empreendimento. O protesto durou três dias.

Segundo os índios, as aldeias estariam sendo prejudicadas pela execução da obra, já que a água do rio Xingu estaria ficando suja graças ao trabalho nos canteiros, deixando as tribos sem água limpa para beber e prejudicando a pesca, que é a principal atividade das comunidades afetadas pela obra.


Fonte: G1 Pará

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