sexta-feira, 9 de novembro de 2012

MPF quer investigar a morte de índio

Um índio da etnia munduruku que havia sido ferido durante confronto na quarta-feira com policiais federais e estava desaparecido, foi encontrado morto às margens do rio Teles Pires, que corta os estados do Pará e Mato Grosso, segundo informação divulgada pela Fundação Nacional do Indio (Funai) em Jacareacanga, município do lado paraense. A PF tem agido na região para desmontar um esquema de exploração ilegal de ouro que envolve índios, garimpeiros, empresários e até um oficial da Marinha. A ação policial atinge também os municípios de Itaituba, Jacareacanga e Novo Progresso.
Em Alta Floresta (MT), o coordenador da Funai, Clóvis Nunes, disse que o pai da vítima informou ao órgão que o filho dele, Adenilson Crixi Munduruku, de 30 anos, foi morto com quatro tiros, um deles na cabeça, disparado por um dos policiais federais, durante o confronto em que outros dois índios e quatro policiais saíram feridos. Uma equipe de saúde da Funai de Jacareacanga viajou para a aldeia onde ocorreu o confronto para recolher o corpo do índio na manhã desta sexta-feira e levá-lo para Santarém, onde será submetido à perícia. A direção da Funai em Brasília ainda não se pronunciou sobre o caso.

Enquanto o órgão que tutela os índios brasileiros se mantém calado, um total de 51 entidades sociais e partidos políticos divulgaram um manifesto contra a ação policial, caracterizando-a como uma demonstração de “descaso, violência e destruição das terras e dos povos indígenas”. Elas também exigem apuração rigorosa sobre as circunstâncias que deram origem ao confronto. O Ministério Público Federal também entrou no caso ao encaminhar um Oficio à presidente da Funai e ao superintendente da Polícia Federal no Mato Grosso, solicitando informações oficiais sobre o conflito.


Um primo da vítima disse em Alta Floresta que o rapaz foi morto quando os policiais federais chegaram de helicóptero no local. Os dois índios feridos por disparos da PF foram atendidos no hospital regional de Alta Floresta. Um deles, Edivaldo Mores Borö, foi alvejado com um tiro de fuzil no braço e outro nas costas. Os dois foram transferidos para o hospital regional do município de Sorriso, no Mato Grosso.

Tensão

Nunes informou que 17 índios pernoitaram na quarta-feira (7) em Alta Floresta e posteriormente foram levados para a Polícia Federal em Sinop, onde prestaram depoimento. Ele definiu o clima na aldeia como “tenso” e “grave”. A Funai não descarta a existência de outros índios feridos e procura localizá-los em hospitais de Mato Grosso. “A exploração de garimpo no interior da aldeia existe há mais de 30 anos. Ela é feita em forma de flutuante, por meio de balsas e mergulho, quem mora aqui sabe do funcionamento deste garimpo e os índios ganham uma porcentagem desta exploração”, disse Nunes. Os Ministérios da Justiça e da Defesa, além do comando do Exército e a direção do Ibama devem se reunir com o comando nacional da Funai para discutir a situação.

A PF, que também tem evitado prestar informações sobre o caso, apenas informou que os índios foram atingidos por balas de fuzil porque atacaram os policiais federais com flechadas e disparos de arma de fogo.

Fonte: Diário do Pará 

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