quinta-feira, 2 de junho de 2011

É agora que a guerra vai começar

Ninguém, em sã consciência, poderia esperar moleza nessa luta pela criação do estado do Tapajós, agora, em conjunto com o estado do Carajás. O último passo para autorizar o plebiscito do Tapajós foi dado pelo Senado, nesta terça-feira.
     Não é de hoje que o deputado federal Zenaldo Coutinho, atual chefe da Casa Civil do governo do Estado fala contra a divisão. Da mesma forma, a Associação Comercial de Belém, que eles chamam do Pará, mas, que é somente de Belém, pois cada município tem sua própria entidade.
     É natural, em se tratando de um assunto tão complexo, que haja pessoas a favor e contra a divisão do território paraense para criar dois novos estados. Tenho certeza que Belém não tolera a criação de dois estados. Razões não lhe faltam, pois o Pará remanescente ficaria com somente 17% de sua atual área.
     Embora Tapajós e Carajás devam caminhar juntos, sob pena de morrerem abraçados, caso cada um faça sua campanha em separado, a entrada de Carajás foi um complicador para o sonho dos tapajônicos, pois vai ser difícil o governo do Estado e as demais forças que se opõem fazerem uma campanha 100% contra Carajás e outra a favor do Tapajós.
     Como escreveu muito bem Manuel Dutra, em artigo recente, é agora que a guerra vai começar. Agora vamos conhecer os inimigos que estiveram ocultos, trabalhando contra essa idéia.
     Nossa missão é muito árdua. Não podemos vender facilidades onde só há dificuldades. Temos que falar a verdade para o nosso povo, convencendo-o da importância de comparecer para votar. A abstenção nos municípios do oeste paraense tem que ser muito baixa. Para que isso aconteça, não podemos descansar até a vitória.
     Para os nossos irmãos de Belém, evocando  mais uma vez o jornalista Manuel Dutra, temos que explicar que esse Pará que existe hoje, faz muito tempo que está dividido. Precisamos oficializar essa divisão, para gerenciarmos os nossos destinos.
     Eu não luto pela criação do Estado do Tapajós por desejo de deixar de ser paraense. Muito me orgulha ser da terra do Carimbó, do Pato no Tucupi, da Senhora de Nazaré, do meu Paysandu e de tantas outras coisas boas que este estado tem. O que move o meu sentimento é a realidade do abandono do governo do Pará para com esta região. Não me refiro a esse governo que está aí, de plantão. Falo de todos os governos.
     É muito difícil fazer uma divisão equânime das riquezas do estado, quando se tem a capital, Belém, distante apenas 250 km da divisa com o Maranhão e 1050 km da divisa com o Amazonas, em linha reta. Do aeroporto de Itaituba para o aeroporto de Belém são 892 km de distância. Para Novo Progresso são 1.000 km. Jacareacanga fica a 1.155 km. Com distâncias tão grandes, o que sobra são essas desigualdades que tanto nos maltratam.
          A criação do estado do Tapajós não vai ser a panacéia que curará todos os nossos males. Ninguém que faz parte do Movimento Pela Criação do Estado do Tapajós prega isso. Mas, com uma área territorial menor, ficará mais fácil gerenciar o estado. Basta termos capacidade de cobrar dos futuros governantes, com veemência. 
     Por mais bem intencionado que seja um governante paraense, com a capital do estado estando praticamente no outro estremo, é impossível governar com equidade para todos os paraenses. É por isso que desejamos ver o estado do Tapajós criado.
     A área do Tapajós ficou muito grande. Grande demais! Esse foi um erro cometido no passado, pelo qual pagaremos, ao conseguirmos criar o novo estado. Até mais ou menos o final da década de 1970 falava-se em estado do Baixo Amazonas, que abrangia uma área muito menor da que faz parte do projeto atual, que terá que continuar assim, pois não tem como mudar agora.
     Brigamos para dividir o Pará porque é muito grande e incorremos no mesmo erro, porque ficamos com 58% do atual território paraense, o que é absurdamente grande. Certamente, ao criarmos o novo estado, teremos problemas com isso.   
     Inaugurar um comitê em Belém, especificamente para fazer campanha junto aos que nasceram no oeste do Pará e seus descendentes é fundamental. Isso tem que ser feito, e logo. Todavia, tão importante quanto isso é cuidar de conversar com o povo de Altamira, de sua área de influência e de outros municípios, porque por lá pouco ou quase nada se fala sobre esse assunto do estado do Tapajós. Não dá para sair em campanha em Belém, quando ainda precisamos fazer o dever de casa na região oeste do Pará.
     Temos muito trabalho pela frente, porque é agora que a guerra vai começar. O grupo liberal está fazendo sua parte, patrocinando campanha ostensiva, contra, falando algumas verdades e muitas mentiras. Não podemos amofinar diante do poderio desse e de outros grupos. Somos minoria, com o plebiscito sendo realizado em todo o Pará, como está hoje. Mas, lembremos que o pequeno e paupérrimo Vietnã venceu uma guerra contra o poderio da maior potência militar do mundo, os Estados Unidos, entre 1964 e 1975. Por que, então, não podemos fazer com que o SIM vença? Depende de acreditarmos na nossa força.

     Jota Parente - Jornalista

Um comentário:

  1. Anônimo2/6/11

    Pela Constituição federal , somente a região que tem interesse em se separar é que vota no plebiscito.
    A senadora Marinor já está articulando contra o plebiscito e quer que todo o Pará vote, inclusive quem mora em Belém.

    Se ela conseguir mudar a legislação, dificilmente o povo de Tapajós e Carajás conseguirá se separar porque a população é menor nessa região.
    Luiz - jornalista


    Por isso cabe apelar aos senadores do Pará que estão a favor da separação.

    A oportunidade é unica de dividir o Pará, por isso é preciso lutar com todas as armas e não permitir que a Constituição seja mudada com emendas que favorece os contra.

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