Essas são algumas informações da primeira divulgação da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2008/09, que visitou cerca de 60 mil domicílios urbanos e rurais, entre maio de 2008 e maio de 2009. Há dados sobre despesas, rendimentos (monetários ou não) e variação patrimonial, além da avaliação das famílias sobre as próprias condições de vida. São detalhados, ainda, os gastos com Habitação, Alimentação, Transporte, Saúde, Educação, Impostos, Contribuições trabalhistas, Pagamento de dívidas etc., segundo diferentes faixas de rendimento das famílias. Há comparações com a POF 2002/03 e o Estudo Nacional da Despesa Familiar (ENDEF) 1974/75
O peso dos principais grupos de consumo nas despesas familiares mudou bastante desde os anos de 1970.
A Alimentação, por exemplo, teve queda acentuada entre o ENDEF 1974/75 (33,9%) e a POF 2002/03 (20,8%), mantendo a redução até 2008/09 (19,8%). Na área rural, as participações da Alimentação tambémforam se reduzindo, respectivamente, de 53,2% para 34,1% e, depois, para 27,6%. Nos mesmos períodos, o peso da Habitação cresceu de 30,4% para 35,5% e, depois, para 35,9%. Sua evolução rural foi mais significativa: de 17,8% (ENDEF 1974/75) para 28,7% (POF 2002/03) e 30,6% (POF 2008/09).
Em seis anos, a participação urbana da alimentação fora do domicílio nos gastos com alimentação subiu de um quarto (25,7%) para um terço (33,1%), e a rural subiu de 13,1% para 17,5%.
No Brasil, a despesa média per capita dos 10% das famílias com os maiores rendimentos (R$ 2.844,56) era 9,6 vezes a dos 40 % com menores rendimentos (R$ 296,35). Essa disparidade constatada pela POF 2008/09 está menor que seis anos antes, quando era de 10,1 vezes. Ainda em relação a essas duas classes de rendimentos, a região mais desigual foi a Nordeste (11,3 vezes), e a menos desigual a Sul (6,9 vezes).
A pesquisa também constatou uma melhoria na relação entre as despesas e o rendimento das famílias. Em 2002/03, os 85,3% das famílias com os menores rendimentos tinham, em média, despesas superiores ao que recebiam mensalmente. Já em 2008/09, eram os 68,4% com os menores rendimentos que estavam nessa situação.
Era de quase 207% a diferença entre a despesa média mensal de famílias em que a pessoa de referência possuía menos de um ano de estudo, para aquelas com a pessoa de referência tendo 11 anos ou mais de estudo. Mas houve expressiva redução dessa disparidade: na POF 2002/03 ela era cerca de 400%.
A despesa de famílias com a pessoa de referência de cor branca estava 89% acima das despesas das famílias com pessoa de referência de cor preta, e 79% acima daquelas com pessoa de referência de cor parda. Nesses casos, em seis anos houve movimentos opostos: em relação à POF 2002/03, essas diferenças eram de 82% e de 84%, respectivamente.
Pela segunda vez, a POF investigou a percepção subjetiva da população sobre alguns aspectos da sua qualidade de vida. Em 2008/09, cerca de 75,2% das famílias declararam algum grau de dificuldade para chegar ao final do mês com o rendimento que recebiam. Em 2002-2003 esse percentual foi de 85,0%.
Mesmo na percepção subjetiva há desigualdades segundo as classes de rendimento: na classe com rendimentos até R$ 830, cerca de 88% indicaram algum grau de dificuldade; na classe com rendimento acima de R$10.375, somente 28% informaram ter algum grau de dificuldade. A seguir, as principais informações da Pesquisa de Orçamentos Familiares 2008/09.
Família brasileira gasta, em média, R$ 2.626,31 por mês
Segundo a POF 2008/ 2009, a família brasileira gastava, em média, R$ 2.626,31 por mês. As do Sudeste são as que gastam mais (R$ 3.135,80), perto do dobro do valor médio dos gastos mensais do Nordeste, onde as famílias gastam menos (R$ 1.700,00).
No Sul e no Sudeste, as famílias de menor rendimento mensal (até R$ 830) gastam em média mais do que recebem (R$ 929,75 e R$ 831,67, respectivamente).
Entre as unidades da federação, o Distrito Federal tinha a maior despesa média total, R$ 3.963,99, cerca de 50,9% acima da média nacional (R$ 2.626,31). Em seguida, vinham Santa Catarina (R$ 3.509,58) e Rio de Janeiro (R$ 3.386,78). Alagoas (R$ 1.223,94), Ceará (R$ 1.431,96) e Maranhão (R$ 1.466,96) tinham as menores despesas.
Além das desigualdades regionais, há também uma grande diferença entre a despesa média mensal familiar nas áreas urbanas (R$ 2.303,56 e 8,6% maior que a média), e a das rurais (R$ 1.220,14 e 46,8% inferior à média).
Em seis anos, melhora a relação entre despesas e rendimentos das famílias
A pesquisa também constatou uma melhoria na relação entre as despesas e o rendimento das famílias. Em 2002/03, os 85,3% das famílias com os menores rendimentos tinham, em média, despesas superiores ao que recebiam mensalmente. Já em 2008/09, eram os 68,4% com os menores rendimentos estavam nessa situação (tabela abaixo).
A tabela acima mostra as despesas e os rendimentos totais segundo vários grupos de rendimento, além da distribuição acumulada das famílias entre esses grupos. Até o grupo com rendimentos entre R$ 1.245 e R$ 2.490, as despesas médias totais superavam os rendimentos médios. Nos grupos seguintes, ocorria o inverso.
Gastos cotidianos são 92,1% das despesas; aumento de patrimônio, 5,8%
Em 2008/ 2009, as despesas correntes, que são os gastos cotidianos das famílias, representavam 92,1% da despesa total média mensal, ou o equivalente a R$ 2.419,77. A maior parte desse valor se referia às despesas de consumo - com alimentação, moradia, educação, transportes, entre outros -, que somavam em média R$ 2.134,77 (81,3% da despesa total). As outras despesas correntes (impostos, contribuições trabalhistas, pensões, mesadas, doações etc.) consumiam em média, por mês, R$ 285 (10,9% do total).
Com o aumento de ativos (compra de imóveis, construção e melhoramento de imóveis próprios e outros investimentos como títulos de capitalização, títulos de clube, aquisição de terrenos para jazigo, ou seja, o aumento do patrimônio familiar), as famílias gastavam em média, por mês, R$ 152,09 (ou 5,8% da despesa total). O valor gasto com diminuição do passivo (pagamento de dívidas) ficava numa média mensal de R$ 54,45 (2,1% do total).
O Sul tinha a maior participação do aumento de ativos no orçamento das famílias (8,3% frente à média de 5,8%).
Nas áreas rurais, trocas, pagamentos em bens e benefícios da casa própria são 20,8% do total das despesas
No que diz respeito à divisão das despesas em monetárias e não monetárias1 (84,8% e 15,2% do total na média do país), há uma diferença significativa na comparação urbano/ rural. Na área urbana, a despesa não monetária tinha participação média de 14,7%, enquanto na área rural representava 20,8% do total dos gastos familiares mensais.
A tabela abaixo resume as principais informações sobre a composição das despesas familiares.
Em 34 anos, percentual gasto com aumento de patrimônio cai a menos da metade
Entre 2002/03 e 2008/09, a POF mostra mudanças nas participações dos grandes grupos no total das despesas (tabela abaixo), assim como algumas reversões de comportamento. Em relação ao Endef 1974/ 1975 (Estudo Nacional da Despesa Familiar) as alterações muito expressivas também estão relacionadas ao longo intervalo de tempo decorrido (mais de 30 anos) e às muitas mudanças de hábitos das famílias no período.
Para o grande grupo das despesas correntes, entre 2002/03 e 2008/09 verifica-se redução de participação na estrutura de despesa total, de 93,3% para 92,1%. Em relação ao Endef, quando a participação era de 79,9%, deu-se o inverso: aumento de 12,2 pontos percentuais. Movimento parecido ocorreu com as despesas de consumo - 81,3% do total de gastos em 2008/09; 82,4% em 2002/03; e 74,6% em 1974/75. Para as outras despesas correntes (10,9%), entre as duas POFs houve estabilidade, e forte crescimento em relação a 1974/75 (5,3%).
O aumento do ativo tinha participação de 5,8% em 2008/09 e reverteu movimento anterior, crescendo em relação a 2002/03 (4,7%). Em relação ao Endef (16,5%), foi o grupo com a maior queda entre as despesas das famílias. Já a diminuição do passivo mostrou-se estável em relação a 2008/09 (2,1%) e 2002/03 (2,0%), mas reduziu-se em relação ao Endef (3,6%), houve redução em torno de 42%. Nos recortes urbano e rural, a situação se repete.
Consumo representa 81,3% das despesas das famílias
As despesas de consumo são o mais importante componente das despesas das famílias e representam 81,3% do total (ou R$ 2 134,77) nacional. O valor médio das despesas de consumo na área rural (R$ 1.220,14) correspondeu a 57,2% da média nacional e a 53% da urbana (R$ 2.303,56).
As despesas de alimentação, habitação e transporte corresponderam a 75,3% da despesa de consumo média mensal das famílias brasileiras, ou a 61,3% da despesa total. Na Alimentação (19,8%) a proporção rural (27,6%) superou a urbana (19%). Na Habitação (35,9%) deu-se o inverso: urbana (36,4%) e rural (30,6%).
Na tabela abaixo, comparações entre as despesas das famílias das classes de rendimentos de até R$ 830,00 e de R$ 10.375,00. Destacam-se as despesas com Assistência à Saúde: para classe até R$ 830,00, os remédios pesam 4,2%, ou 76,4% do dispêndio com saúde, contra 1,9% na classe oposta. Já a participação de plano/seguro de saúde foi de 2,4% na classe com os maiores rendimentos, contra 0,3% na classe oposta.
Em seis anos, as despesas médias com Alimentação e Transportes se igualaram
As participações dos grupos de consumo (inclusive urbano e rural) tiveram alterações expressivas na série histórica. A Alimentação, por exemplo, teve queda acentuada entre o ENDEF (33,9%) e a POF 2002/03 (20,8%) e prosseguiu em redução até 2008/09 (19,8%). A Habitação teve crescimentos significativos entre o ENDEF (30,4%) e a POF 2002/03 (35,5%), mantendo o aumento até 2008/09 (35,9%), sendo que evolução rural foi mais significativa, desde o ENDEF (17,8%) às POF 2002/03 (28,66%) e 2008/09 (30,6%).
Cresce a participação da alimentação fora de casa no orçamento das famílias
A POF 2008/09 revelou que as famílias estão gastando bem mais com alimentação fora de casa do que gastavam em 2002/03. O percentual das despesas com alimentação fora de casa, no total das despesas das famílias, cresceu de 24,1% para 31,1%, nesse período, ou seja, já representa quase um terço dos gastos com alimentos. Na área urbana, passou de 25,7% para 33,1%, e na área rural de 13,1% para 17,5%. Em reais, a despesa com alimentação na área urbana em 2008-2009 foi 145,5% maior que o da área rural.
A análise regional aponta que o maior percentual com alimentação fora do domicílio ocorreu na Região Sudeste (37,2%), enquanto os menores percentuais ocorreram nas Regiões Norte (21,4%) e Nordeste (23,5%).
Em valores, a despesa média mensal familiar com alimentação foi de R$ 421,72, sendo R$ R$ 290,39 gastos com alimentação no domicílio e R$ 131,33, na alimentação fora do domicílio. Nas famílias com rendimentos mais altos (acima de R$ 10.375,00), a proporção da despesa com alimentação fora do domicílio (49,3%) é praticamente igual à despesa com alimentação no domicílio (50,7%).
Famílias com maiores rendimentos gastam quase dez vezes mais que as famílias com renda menor
No Brasil, os 40 % de famílias com menores rendimentos possuíam despesa total per capita de R$ 296,35, e os 10% com maiores rendimentos, de R$ 2 844,56. No País a distância média da despesa per capita desses dois grupos foi de 9,6 vezes. Na área rural, a disparidade foi de 10,3 vezes. Em 2002-2003, a disparidade no País era de 10,1 vezes e, portanto, reduziu-se em 0,5 vez.
Entre as regiões, a maior despesa média familiar per capita, tanto entre os 40% com menores rendimentos quanto entre os 10% com maiores rendimentos foi do Sul (R$ 406,00 e R$2.799,00, respectivamente) e a menor, no grupo com menores rendimentos, do Nordeste (R$233,00). Ainda no grupo com menores rendimentos, a despesa per capita do Sul era 74% maior que a do Nordeste.
Entre as famílias com maiores rendimentos, o Norte tinha a menor despesa média per capita (R$2.094,00) e o Sul, a maior (R$2.799,00). Nesse grupo, a despesa per capita do Sul era 33% maior que a do Norte.
A região mais desigual foi a Nordeste (distância de 11,3 vezes entre despesas médias per capita das duas classes de rendimento), enquanto a menos desigual foi a Sul (6,9 vezes). Entre as POF 2002/03 e 2008/09, essa desigualdade reduziu-se no Sul, Centro-Oeste e Nordeste, e ficou quase estável nas demais regiões.
Escolaridade também altera o padrão de consumo das famílias
Quanto mais anos de estudo tinha a pessoa de referência da família, maiores eram as despesas médias mensais. Para famílias em que a pessoa de referência possuía menos de um ano de estudo, a despesa média mensal foi de R$ 1.403,42. Nas famílias com pessoa de referência com 11 anos ou mais de estudo, esse total foi quase 207% maior (R$ 4 314,92). Em relação à POF 2002/03 houve expressiva redução dessa diferença, que era cerca de 400%.
A existência de pessoas com nível superior completo ou incompleto no interior da família, mesmo não sendo a pessoa de referência, produzia efeitos semelhantes: nas famílias em que não havia pessoa com nível superior completo ou incompleto, a despesa total média mensal era de R$ 1.659,99. Já naquelas com uma pessoa com nível superior completo ou incompleto, a despesa subia para R$ 4.296,05 (mais 160%); e nas famílias com mais de uma pessoa, subia para R$ 8.117,27 (390% maior que o primeiro extrato). Embora persistam, essas acentuadas diferenças estão menores, em relação a 2002/03 (190% e 430% respectivamente).
Na análise por cor ou raça, a diferença entre as despesas das famílias também era grande
A despesa de famílias com a pessoa de referência de cor branca estava 28% acima da média nacional, e 89% acima das despesas das famílias com a pessoa de referência de cor preta, além de 79% acima das famílias com pessoa de referência de cor parda. Em relação à POF 2002/03, as diferenças percentuais entre famílias com pessoa de referência branca e preta cresceram (de 82% para 89%). Já a diferença entre famílias com pessoa de referência branca e parda teve redução (de 84% para 79%).
As famílias com pessoas de referência do sexo masculino tinham despesa média mensal (R$ 2.800,16) em torno de 7% acima da média nacional (R$ 2.626,31) enquanto a despesa média das famílias com pessoa de referência do sexo feminino (R$ 2 237,14) era 15% menor. A diferença entre os dois estratos aumentou: era de 15% na POF 2002-2003 e foi para 20% na POF 2008-2009.
Famílias com altos rendimentos gastam com alimentos três vezes mais que a média nacional
As despesas com alimentação representam 16,1 % da despesa total e 19,8% das despesas de consumo das famílias brasileiras. Os resultados da POF 2008/09 para o grupo alimentação no domicílio confirmaram as desigualdades no perfil de consumo das famílias. O valor em reais dos gastos com alimentação das famílias com maiores rendimentos (R$ 1.198,14) é quase o triplo da média nacional e quase seis vezes o das famílias com menores rendimentos (R$ 207,15).
Famílias de todas as regiões gastam mais com carnes, vísceras e pescados
O grupo de alimentos carnes, vísceras e pescados lidera os gastos com alimentação, tanto na média do País (21,9%) quanto nas áreas urbana (21,3%) e rural (25,2%). A seguir, na área urbana, vêm Leites e derivados (11,9%), Panificados (11,0%) e Bebidas e infusões (10,0%). Na área rural, vêm Cereais, leguminosas e oleaginosas (13,1%), Leites e derivados (8,7%) e Aves e ovos (8,5%).
Entre 2002/03 e 2008/09, o percentual de gastos das famílias com carnes, vísceras e pescados cresceu de 18,3% para 21,9%, no total de gastos com alimentação no domicílio, enquanto o de leite e derivados caiu de 11,9% para 11,5%, bem como o de panificados, que passou de 10,9% para 10,4%. Caíram, também, os gastos com cereais, leguminosas e oleaginosas (10,4% para 8,0%); açúcares e derivados (5,9% para 4,6%) e aves e ovos (7,1% para 6,9%). Cresceram os gastos com frutas (4,2% para 4,6%) e bebidas e infusões (8,5% para 9,7%).
Rendimento médio mensal estava em R$ 2763,47
Segundo a POF, o rendimento total e a variação patrimonial das famílias brasileiras foi de R$ 2.763,47. O rendimento proveniente do trabalho era responsável pela maior parte desses valores (61% do rendimento total e R$ 1.688,00 da variação patrimonial). Do rendimento do trabalho, 70,7% pertenciam a recebimentos provenientes de empregados, fossem eles públicos, privados ou domésticos, e 20,2% dos que trabalhavam por conta própria.
Em relação a 2002/03, não ocorreram transformações significativas na composição do rendimento de trabalho familiar dos brasileiros – exceto quando consideramos a participação do rendimento dos empregadores, que foi reduzida em mais de dois pontos percentuais (de 11,7% em 2002/03 para 9,1% em 2008-2009) no período.
A segunda maior participação no rendimento médio familiar provinha das transferências2 (18,5%), com destaque para as aposentadorias e pensões governamentais. Em 2008/09, elas representaram mais de 80% das transferências, dos quais 55% foram provenientes do Instituto Nacional da Seguridade Social (INSS). No outro extremo estavam os programas sociais federais, que representaram apenas cerca de 3% das transferências. Essas últimas são destaque dentre as transferências das famílias com rendimentos mais baixos.
O rendimento não-monetário detinha a terceira participação (12,8%) na composição registrada pela POF, sendo mais significativo entre as famílias com menor rendimento3. Para estas, correspondia a 25,8% do rendimento total médio. Já para as famílias com os rendimentos mais altos, representavam apenas 6,7%.
Os rendimentos de aluguel (de bens móveis e imóveis) e as outras rendas apresentaram as menores contribuições na composição do rendimento total e da variação patrimonial (1,7% e 1,6%, respectivamente).
Composição das transferências é diferenciada entre famílias com mais baixos e mais altos rendimentos
Cerca de 12,5 milhões de famílias brasileiras tinham recebimentos de até R$ 830. Para elas, o rendimento do trabalho era o principal componente (46,3%). As transferências vieram logo em seguida, com 26,7%. No que se refere às transferências recebidas, as aposentadorias e pensões do INSS (58%) e os programas sociais federais (23%) responderam pelas maiores parcelas. Ressalte-se que o rendimento não-monetário tinha quase a mesma participação (25,8%) que as transferências.
Em 2008/09, cerca de 4% das famílias brasileiras possuíam recebimentos superiores a R$ 10.375. Entre elas, a maior participação dos rendimentos também era proveniente do trabalho (60,5%), com o recebimento de transferências em segundo lugar (com destaque para as aposentadorias e pensões da previdência pública). Diferentemente das demais classes de rendimento, a variação patrimonial foi a terceira fonte de recursos (9,9%) mais importante para essas famílias, e não os rendimentos não-monetários.
Rendimento das famílias urbanas é duas vezes maior que o das rurais
O rendimento total somado á variação patrimonial das famílias urbanas (R$ 2.999,98) é praticamente duas vezes maior que o das famílias rurais (R$ 1.481,91). Na tabela abaixo, os detalhes do rendimento.
As famílias com recebimentos mensais de até R$ 830,00, urbanas ou rurais, tiveram como principais componentes o rendimento do trabalho, as transferências e o rendimento não-monetário. Nas áreas rurais, os programas sociais federais foram responsáveis por 33% das transferências. Nas áreas urbanas, por 20%.
Já para as famílias com recebimentos superiores a R$ 10.375, a variação patrimonial possuiu participações significativas tanto na área urbana (9,9%) quanto na rural (11,6%), ficando acima dos rendimentos não-monetários.
Famílias do Sudeste e Sul têm rendimentos acima da média
Os maiores rendimento total e variação patrimonial médio, na comparação entre as grandes regiões, ocorreram no Sudeste, seguido pelo Sul – as duas únicas regiões a terem registrado percentuais acima da média nacional (cerca de 21% e 10,3%, respectivamente). No entanto, apenas o Sul apresentou valores superiores à média brasileira em todas as categorias de origem de recebimentos. Por outro lado, a região com menores rendimento total e variação patrimonial foi o Nordeste (R$ 1.764, cerca de 63,5 % da média nacional), seguido pelo Norte (76% da média).
A participação dos rendimentos provenientes do trabalho foi maior que 60% em quatro das cinco regiões. A única exceção era o Nordeste (57,8%). Já a maior participação ocorreu no Centro-Oeste (66,4%) e no Norte (65,5%). As transferências, por sua vez, tiveram maior participação no rendimento das famílias nordestinas (22,5%), percentual acima do verificado nas áreas rurais (20,5%). Em termos da distribuição do rendimento não-monetário, Norte (16,6%) e Nordeste (15,5%) superaram o peso do componente na média nacional (14,6%).
Em relação a 2002/03, a POF 2008/09 revela alterações nas participações de dois componentes: transferências e rendimentos não-monetários. Nas cinco regiões houve aumento das proporções de transferências e diminuição da parcela não-monetária do rendimento, o que indica maior número de famílias incluídas no mercado monetário.
Melhora a percepção subjetiva das famílias sobre seus rendimentos a alimentação
A Pesquisa de Orçamentos Familiares 2008-2009 investigou a percepção da população sobre alguns aspectos da qualidade de vida através de um questionário específico e com respostas subjetivas aplicado no último dia de entrevista em cada domicílio. As famílias indicaram um de seus membros para responder as perguntas subjetivas sobre a facilidade para chegar ao final do mês com os rendimentos familiares e a avaliação da suficiência e do tipo do alimento consumido. Esta foi a segunda vez em que o questionário subjetivo foi apresentado, a primeira foi na POF 2002/03.
Em 2008/09, 64,5% das famílias declararam ter alimentos em quantidade suficiente para chegar ao fim do mês, contra 53% em 2002/03. A POF também investigou se as famílias consumiam (sempre, nem sempre ou raramente) seu alimento preferido: em 2002/03, 73,2% declararam alguma insatisfação, contra 65% em 2008/09.
75% das famílias declararam algum grau dificuldade para chegar ao fim do mês com seus rendimentos. Na classe com rendimentos até R$ 830, cerca de 88% indicaram algum grau de dificuldade e 31,1%, muita dificuldade. Na classe com mais de R$ 10.375, 28% tinham algum grau de dificuldade e 2,6%, muita dificuldade.
As percepções da quantidade de alimentos são mais favoráveis que em 2002/03, mas as desigualdades regionais são marcantes. No Norte e Nordeste, cerca de 50% das famílias referiram insuficiência na quantidade de alimentos consumidos, contra cerca de 60% em 2002/03.
Para 64,8% das famílias do país e 74% das rurais, o tipo de alimento consumido nem sempre ou raramente era o preferido. Declararam sempre consumir alimentos do tipo preferido 27,7% das famílias do Norte, 25,7% do Nordeste, 44% do Sul, 37,9%, do Sudeste e 40,6% do Centro-Oeste. Maranhão e Piauí (21%) tinham os menores percentuais, e Santa Catarina (47%) o maior.
_______________________
1 Tudo o que é produzido, pescado, caçado, coletado ou recebido em bens (troca, doação, retirada do negócio e salário em bens). Inclui também o aluguel estimado pelo proprietário do domicílio. As valorações das despesas não monetárias foram realizadas pelos próprios informantes, considerando os preços no mercado local.
2 aposentadorias e pensões públicas e privadas, bolsas de estudos e programas sociais de transferência de renda.
3 A construção das classes levou em conta o rendimento monetário e não-monetário e a variação patrimonial.
Fonte: http://www.ibge.gov.br/home/
repassado por:
WELLINGTON D. C. PEREIRA
IBGE SANTARÉM
Nenhum comentário:
Postar um comentário