domingo, 22 de março de 2009

Mulheres ao volante reduzem acidentes de trânsito

A presença das mulheres no trânsito passou a ser fator de segurança pública: com sua atenção, cautela e cuidado, elas vêm contribuindo para que os acidentes nas estradas federais e estaduais ocorram em menor proporção.
De acordo com um levantamento do Departamento Estadual de Trânsito (Detran), as mulheres aparecem, como condutoras, em apenas 3.505 acidentes, enquanto os homens estiveram envolvidos em 36.222 acidentes, de janeiro a novembro de 2008. Os dados mostram ainda que a quantidade de condutores do sexo masculino que aparece como feridos também é bem maior que a do sexo oposto. No mesmo período, 7.165 homens saíram feridos, enquanto a quantidade de mulheres foi de 2.226 mil. No cenário nacional, a situação não é diferente, em 2007 os homens estiveram envolvidos em 74,7% dos acidentes de trânsito no Brasil, enquanto as mulheres em somente 12,31%. Nos outros 12,99% não foi informado o sexo do condutor.

Para a motorista de caminhão Regina Gonçalves, os dados só comprovam o que se vê todos os dias nas ruas de Belém. Ela, que dirige há 18 anos, já foi taxista, motorista de ônibus e hoje dirige um caminhão carregado com 400 garrafões de água mineral diariamente para uma empresa, nunca se envolveu em acidentes de trânsito. “As mulheres têm mais cuidado ao dirigir e respeitam mais os sinais de trânsito. Vejo muitas barbeiragens cometidas por homens”.

Para o gestor comercial da empresa em que Regina Gonçalves trabalha, Osvaldo Lobato, o investimento valeu a pena. Dos 21 motoristas, há apenas duas mulheres, mas ele garante: “Além de dirigir melhor, elas também preservam mais o veículo”.

Com seu capacete rosa, a vendedora Danuta Silva, 24, também conquista seu espaço nas ruas percorrendo Belém sobre uma moto. “Ainda é estranho para eles. Ao parar em um sinal vermelho, percebo que os homens olham um pouco desconfiados”. Mesmo tendo um veículo considerado perigoso por muitos, Danuta nunca se envolveu em acidentes. “A maioria dos motoqueiros sai cortando todo mundo em alta velocidade. As mulheres têm mais cuidado em preservar a própria vida e a dos outros”.

Com a Lei Seca, a procura por habilitação cresceu 50%

Desde a implantação da Lei Seca, no ano passado, o número de mulheres que têm procurado as auto-escolas de Belém cresceu cerca de 50%. A informação é do presidente do Sindicato dos Condutores, Clodoaldo Costa. Nas escolas, porém, a presença feminina tem marca própria: elas são mais preocupadas em respeitar os sinais de trânsito e evitar possíveis acidentes. “Os homens chegam aqui achando que sabem tudo e ignoram certas regras. É a chamada autoconfiança”. Apesar de ressaltar que as mulheres têm contra elas o nervosismo, Costa lembra que isso também é fator primordial para que elas evitem infrações e possíveis acidentes. “Quando recebe a Carteira Nacional de Habilitação, o homem sai logo dirigindo. As mulheres procuram primeiro ter mais prática antes de pegar um trânsito pesado”.

Outra diferença, segundo o presidente do sindicato, é ao assumir erros durante as aulas. “As mulheres são mais conscientes disso sempre procuram a perfeição”, afirma.

Com elas, os acidentes são menos graves

Para muitos, a justificativa para o envolvimento maior em acidentes é o fato de haver mais condutores do sexo masculino nas ruas. De fato, de 641,2 mil habilitações no Pará, apenas 22% são de mulheres. Para 501,7 mil homens dirigindo no Estado, são apenas 139,6 mil mulheres. “Proporcionalmente, um número não explica os outros. Se formos comparar, as mulheres ainda saem ganhando nessa história”, avalia o assessor da Diretoria Operacional do Detran, Valter Aragão.

Para ele, os homens são mais autoconfiantes e, por isso, constantemente são vistos cometendo infrações. Segundo o Detran, os acidentes envolvendo mulheres comprovadamente são menos graves. “Quando são elas as responsáveis, normalmente é apenas um carro encostando no outro ou durante alguma manobra. Já a maior causa de acidentes envolvendo homens é excesso de velocidade ou avanço de sinal”. Essas vantagens se refletem na economia: na hora de se fazer um seguro de automóvel, os valores são menores para elas.

Curiosamente, a Lei Seca fez aumentar o número de mulheres ao volante. “Nunca vi tanta mulher dirigindo como no último Carnaval. Maridos, pais e namorados bebem e deixam o carro sob responsabilidade delas”, diz Aragão.





Diário do Pará

Nenhum comentário:

Postar um comentário