Portos instalados em Itaituba (Foto: Gilson Vasconcelos/GV Notícias) |
Licenciamento
precisa ser suspenso com urgência até atendimento do pedido, diz ação conjunta
do MPF e MP/PA
O
Ministério Público Federal (MPF) e o Ministério Público do Estado do Pará
(MP/PA), que em fevereiro pediram à Justiça que seja realizado pelo Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) o
licenciamento ambiental de três portos em Itaituba, no sudoeste do Estado,
voltaram a ajuizar ação sobre o tema. Desta vez o pedido é para que a Justiça
obrigue a realização de consulta prévia, livre e informada às populações
tradicionais afetadas pelos projetos.
A nova
ação foi ajuizada nesta quinta-feira, 3 de março. Assim como na ação anterior,
esta também pede que a Justiça Federal em Itaituba suspenda de forma urgente o
atual processo de licenciamento dos portos do distrito de Miritituba até que as
demandas do Ministério Público sejam atendidas.
Os
projetos que tiveram novamente pedido de suspensão do licenciamento são os
projetos das Estações de Transbordo de Cargas (ETCs, espécie de portos
simplificados) Miritituba, de interesse da empresa Rio Turia Serviços
Logísticos Ltda, HBSA Tapajós, da Hidrovias do Brasil – Miritituba S.A., e
Itaituba, de interesse da empresa Cianport – Cia de Navegação Ltda.
O
Ministério Público defende que devem ser consultadas, de forma prévia, livre e
informada, as comunidades das Reservas Indígenas Praia do Índio e Praia do
Mangue, da Terra Indígena Sawré Muybu, os beiradeiros do Projeto
Agroextrativista Montanha e Mangabal, os ribeirinhos, pescadores e garimpeiros
artesanais localizados na área de influência dos empreendimentos projetados, e
afetados pelas medidas administrativas e legislativas já executadas no âmbito
do licenciamento ambiental.
Impactos acumulados – Para a região sudoeste do
Pará estão previstas uma série de ETCs, uma hidrovia, uma ferrovia e um
complexo hidrelétrico (estudos indicam que há mais de 40 barragens previstas
para a bacia do Tapajós). No entanto, cada projeto está sendo licenciado
isoladamente, por diferentes órgãos ambientais, sem considerar a soma e
interação dos impactos desse conjunto de megaobras e sem a realização de
consulta prévia, livre e informada às populações tradicionais afetadas. Uma das
ações de monitoramento do atual processo de licenciamento limitou-se a
entrevistas com apenas dois pescadores.
A consulta
prévia, livre e informada está prevista pela Convenção 169 da Organização
Internacional do Trabalho (OIT), da qual o Brasil é signatário, e também pela
Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas, de 2008,
registra a ação, assinada pelos promotores de Justiça Daliana Monique Souza
Viana, Ione Missae da Silva Nakamura, Lílian Regina Furtado Braga e Rafael
Trevisan Dal Bem e pela procuradora da República Janaina Andrade de Sousa.
"Não
resta dúvida que o direito à consulta é condição para a segurança das
comunidades e livre exercício dos direitos humanos e fundamentais daqueles
povos indígenas e demais comunidades tradicionais, cujo modo de ser e viver
estão intimamente ligados as águas da Bacia do Tapajós, o qual será palco de
'grandes' projetos de infraestrutura, a exemplo do discutido na presenta
ação", destaca o Ministério Público.
Caso a
Justiça Federal acate os pedidos da ação e a decisão judicial seja descumprida,
o Ministério Público pede a aplicação de multa diária de R$ 100 mil. Além das
empresas responsáveis pelos projetos dos portos, a ação foi ajuizada contra o
Estado do Pará, a União e a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq).
Ministério
Público do Estado do Pará
Assessoria
de Imprensa
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