A Câmara dos Deputados
aprovou na noite desta quarta-feira (27), por 452 a favor, 19 contra e uma
abstenção, o fim da reeleição para presidente da República, governador e
prefeito. A votação foi parte da série de sessões iniciada nesta semana, destinada
à apreciação das propostas de reforma política.
O texto do fim da reeleição, de
autoria do relator, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), não altera o tempo atual de
mandato (quatro anos), mas, nesta quinta-feira (28), o plenário analisará a
ampliação da duração do mandato para cinco anos. Antes de votar o fim da
reeleição, os deputados rejeitaram nesta quarta o financiamento
exclusivamente público das campanhas e aprovaram a doação de empresas
a partidos, mas não a candidatos.
A proposta de emenda à
Constituição da reforma política começou a ser votada no plenário nesta terça
(26). Por decisão dos líderes partidários, cada ponto da PEC, como o fim da
reeleição, será votado individualmente, com necessidade de 308 votos para a
aprovação de cada item. Ao final, todo o teor da proposta de reforma política
será votado em segundo turno. Se aprovada, a PEC seguirá para análise do Senado.
Fim da reeleição
Pelo texto
aprovado pelos deputados, a nova regra de término da reeleição não valerá para
os prefeitos eleitos em 2012 e para os governadores eleitos em 2014, que
poderão tentar pela última vez uma recondução consecutiva no cargo. O objetivo
desse prazo para a incidência da nova regra foi obter o apoio dos partidos de
governantes que estão atualmente no poder.
Durante a votação em plenário, os
líderes de todos os partidos orientaram que os deputados das bancadas que
votassem a favor do fim da reeleição.
“O entendimento da nossa bancada é
que [a reeleição] foi um instrumento que não se mostrou produtivo para o nosso
país”, disse o líder do PMDB, Leonardo Picciani (RJ).
Também defensor do fim da
reeleição, o líder do Solidariedade, Arthur Maia (BA), argumentou que o uso da
máquina pública pelo governante que está no poder torna desigual a disputa com
outros candidatos.
“É desigual e injusto alguém
disputar eleição contra o governante que está no poder com todos os
favorecimentos que este poder proporciona”, discursou.
O líder do PT, Sibá Machado (AC),
defendeu o fim da reeleição, com a manutenção do mandato de quatro anos.
“Nossa bancada vai orientar o voto
sim, pelo fim da reeleição. Todos nós sabemos que a reeleição foi introduzida
por um governo do PSDB”, declarou.
O PSDB também defendeu acabar com
a possibilidade de reeleição, ressaltando porém, que essa regra “cumpriu o seu
papel histórico”.
“A avaliação da bancada é que
devemos caminhar para um novo ciclo, pelo fim da reeleição com mandato de cinco
anos. Amanhã [quinta[, discutiremos o período do mandato”, disse o deputado
Marcus Pestana (PSDB-MG).
Financiamento
Mais cedo,
nesta quarta, a Câmara aprovou incluir na Constituição autorização para que
empresas façam doações de campanha a partidos políticos, mas não a candidatos.
As doações a candidatos serão
permitidas a pessoas físicas, que poderão doar também para partidos. O texto
foi aprovado por 330 votos a favor e 141 contra.
No início da madrugada de quarta,
o plenário havia rejeitado emenda de autoria do PMDB que previa doação de
pessoas jurídicas tanto a partidos quanto a campanhas de candidatos.
A derrubada dessa emenda foi
interpretada por lideranças políticas como uma derrota do presidente da Câmara,
Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e do vice-presidente Michel Temer, que negociaram
pessoalmente a votação do artigo da PEC.
O PMDB, então, se empenhou para
aprovar, pelo menos, uma emenda que garantisse a doação de empresas aos
partidos políticos.
Outras siglas da base aliada e da
oposição defenderam a proposta, como o PR. “Esse é o texto mais equilibrado que
temos. Impede a doação a varejo aos candidatos, mas permite a doação aos
partidos. Posteriormente as leis estabelecerão limites a essas doações”, disse
o líder do PR, Maurício Quintella Lessa.
O PT, porém, favorável ao
financiamento exclusivamente público, se posicionou contra. O vice-líder do
partido Alessandro Molon (PT-RJ) defendeu a derrubada da emenda para que se
negociasse, posteriormente, uma solução em projeto de lei que garantisse maior
“equilíbrio” na distribuição de recursos de campanha.
“Se derrotarmos, teremos tempo
para conseguir uma solução para todos nós. Hoje, pela regra, qualquer um de nós
pode receber, partidos e candidatos. Se essa emenda for aprovada, só os
partidos poderão receber recursos. Vamos encontrar uma solução que estabeleça
uma distribuição equânime”, defendeu.
Fonte: G1
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