Cometi um erro de avaliação sobre o qual
gostaria de me penitenciar.
Pensei que estivéssemos livres da sanha feroz e
da cólera dos "coronéis de garimpos". Ledo engano. "A força da
grana que ergue e destrói coisas belas" mais uma vez provou que está mais
do que nunca em evidência. Subjuguei suas capacidades de reação e de domínio do
status quo.
A estridente, sonora, ensurdecedora vaia
direcionada a mim não me abalou e nem abalará, continuarei firme, inflexível e
equilibrado na defesa dos "pontos" respeitante a garimpagem no Rio
Tapajós que reputo como inegociáveis. Sou visceralmente contrário. E ponto.
Embora respeitando os que assumam posição divergente.
Os apupos (ainda bem que limitados apenas à
histeria verbal) não foram apenas decorrentes dessa “questão garimpeira”. Extravasou-se
muitos desabafos político-partidários reprimidos. Uma derrota eleitoral custa
cicatrizar. Já perdi muitas disputas eleitorais e sei bem como isso dói. E
sente mais o prepotente e orgulhoso que não respeita a vontade da maioria.
Quero dividir as vaias com outros recursos
naturais que não se restringem apenas ao ouro e diamante. Incluo como alvos também
dessa fúria exasperada, os igarapés, nascentes, florestas, lagos encostas e
principalmente o nosso Rio Tapajós.
Só há um consolo: não há mal que dure para
sempre. Os políticos passam os “coronéis de garimpos” também.
Penso ter chamado atenção para um problema
ambiental que reputo de extrema gravidade. Mas como em nome da malfadada
"economia" quase tudo pode, esperemos pra ver no que vai dar tudo
isso.
A responsabilidade de um cargo público
eletivo vai além dos interesses localizados e pressões de grupos setorizados.
Recentemente, em reunião na sede do SINTEP,
fui aplaudido pelos pescadores quando defendi o Rio Tapajós. Ninguém registrou,
não havia interesse.
É uma pena que alguns garimpeiros na
verdadeira acepção conceitual do termo (por sinal poucos presentes no recinto
da audiência pública) estejam sendo usados como massa de manobra. No semblante
triste, cabisbaixo, olhar a esmo e ar cansado desses faiscadores vê-se, isso
sim, a desesperança estampada no rosto de cada um. Enquanto isso os
"coronéis de garimpos" se enfeitam com correntes e pulseiras
reluzentes (parecidas com as que ornamentam nossos amigos pagodeiros) e roupas
de grifes, desfilando em carrões top de linha.
Com raríssimas exceções, esses "coronéis
de garimpos" (na audiência pública muito bem representados pelo senhor
João DELUB) são exímios dribladores do fisco e de qualquer outro órgão de
fiscalização. São, com raríssimas exceções, sonegadores de mão cheia.
Entretanto se arvoram em falar em nome de uma
categoria profissional pela qual não têm sequer respeito algum. E certamente
muitos dos membros dessa categoria de trabalhadores não entendiam o real motivo
de suas presenças naquele ginásio. Em troca de uns poucos trocados transformam,
num toque de mágica, esses pobres sofredores em massa de manobra.
Trocaria as vaias recebidas pelo tratamento
respeitoso ao verdadeiro garimpeiro, que sempre terá o meu respeito, minha consideração
e acima de tudo minha solidariedade. Esse pobre coitado precisa da atenção do
Poder Público, menos quanto a legalização de garimpo, posto que sequer dispõe
de recursos e maios para extrair o metal existente sob seus pés, e mais quanto
a atenção no sentido do atendimento às suas necessidades básicas como saúde,
alimentação, educação e moradia.
Se alguém nunca viu miséria e vida degradante
que dá dó, por mais paradoxal que possa parecer, vá a um garimpo (dito
tradicional) do vale do Tapajós. Você encontrará meia dúzia usufruindo de tudo
e quase que a totalidade dos que ali habitam vivendo no mais completo
desamparo.
Até o "símbolo" da época áurea da
extração de ouro do Tapajós precisou da piedade cristã de uns poucos para ser
retirado doente do garimpo onde reinou absoluto por quase duas décadas. Quem
lembrou do Zé Arara acertou no alvo.
A corrida do ouro é uma febre terçã que não
baixa nunca. Há mais de quatro décadas se vive, no chamado vale do Tapajós,
nessa temperatura elevadíssima cujo o rastro é infinitamente de coisas ruins:
doenças, prostituição, tráfico de drogas, dano ambiental, violência,
contrabando, sonegação, miséria, etc...
Apenas um seleto grupo tem-se beneficiado do martírio de muitos. Mas fazer o
que? quanto mais fragilizado (física e mentalmente) fica o verdadeiro garimpeiro,
torna-se cada vez mais presa fácil dos manipuladores "coronéis de garimpos".
Continuarei firme no propósito de lutar pelos
reais direitos dos verdadeiros garimpeiros como fiz há pouco tempo, contribuindo
com a aprovação, na comissão especial, do direito de aposentadoria ao
garimpeiro. Isso mesmo, até agora esse verdadeiro garimpeiro se obriga a faltar
com a verdade afirmando que trabalhara a vida toda como agricultor para obter o
benefício previdenciário como trabalhador rural. E são milhares que já
procederam desse modo.
Sabia disso seu João DELUB – “defensor dos
garimpeiros”? Me engana que eu gosto.
Que fuja de mim o que se diz hipocrisia!
Um resistente abraço!
Dep. Dudimar Paxiúba
Fonte: Blog do Jota Parente
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