“Há exatos 189 anos, em
15 de agosto de 1823, foi assinada a Adesão do Pará à independência do
Brasil. Um fato que determinou a história recente do Estado. A adesão
aconteceu quase um ano depois do famoso grito às margens do Ipiranga.
Isso porque, naquela
época, o país era dividido em duas Capitanias: A província do Grão Pará e
Maranhão e a Província do Brasil. Os dois territórios faziam parte da
colônia Portuguesa, mas quase não havia comunicação entre eles. O Pará
se reportava diretamente a Portugal e pouco contato tinha com o resto do
país.
Por ordem do Imperador
Dom Pedro I, a esquadra comandada pelo almirante John Pascoe Grenfell
desembarcou em vários estados forçando os que ainda não haviam aderido à
Independência, a aceitar a separação definitiva entre Brasil e
Portugal. Mas a missão deveria ir apenas até a Bahia. Não havia ordens
para chegar ao extremo norte. Mesmo assim, eles desembarcaram no Porto
de Salinas no dia 11 de agosto de 1823, conta o historiador João Lúcio
Mazzini.
Golpe –
Um blefe de Grenfell convenceu os responsáveis pelo Estado a aceitar a
adesão. O Almirante trazia uma carta que seria de Dom Pedro I. O
documento comunicava que os governantes do Pará deveriam se unir ao
Brasil, caso contrário teriam os territórios invadidos. A esquadra
imperial estaria esperando em Salinas, pronta para bloquear o acesso ao
porto da capital e assim sufocar a economia, baseada nas exportações.
No mesmo dia 11, foi
convocada uma assembléia no Palácio Lauro Sodré, sede administrativa na
época. Acreditando na história e temendo um ataque, os governantes
preferiram aderir à Independência, sob a condição de que os postos e
cargos públicos fossem mantidos. A adesão foi assinada quatro dias
depois, data escolhida para o feriado. A ata com as assinaturas faz
parte do acervo do Arquivo Público do Estado do Pará.
Foi uma revolução que
não mudou absolutamente nada. Deixamos de pertencer ao império português
e passamos a pertencer ao império brasileiro, mas para as pessoas
comuns; negras, índias e pobres, não houve mudança, explica o
historiador. Foi realmente um golpe. Era uma esquadra formada por 100
homens sob o comando de Grenfell, que tinha apenas 23 anos. A população
de Belém era de pelo menos 15 mil pessoas. Não havia possibilidade de
confronto.
Revoltas
– A manutenção do poder com a adesão resultaria, três meses depois, na
Revolta do Brigue Palhaço, quando 256 pessoas foram confinadas no porão
do navio São José Diligente e morreram asfixiadas, sufocadas ou
fuziladas. A repressão contra os movimentos populares naquele momento
que também culminou na Revolta da Cabanagem, em 1835, explica Mazzina.
Se não fosse por esta união entre o Pará e o Brasil, nossa situação hoje
poderia ser diferente. Poderíamos ter evoluído para um Reino Unido a
Portugal ou ao Brasil ou mesmo para um país independente”.
Texto – Glauce Monteiro
Assessoria de Comunicação Institucional da UFPA
Assessoria de Comunicação Institucional da UFPA
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