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domingo, 1 de julho de 2012

Julgamento é suspenso por quebra da incomunicabilidade de jurado

Réu Albenor Moura
Com a reabertura da sessão do júri por volta das 15 horas desta sexta feira(29), a acusação e defesa ouviram o depoimento do réu Albenor Moura, réu confesso da autoria do assassinato do advogado Raimundo Messias Oliveira de Sousa, o Dinho, fato ocorrido no dia 27de setembro do ano de 2003.
Questionado pela mesa de acusação composta pelas Promotoras Públicas Lizete Nascimento e Magdalena Torres, assistidas pelos advogados Márcio Sousa (Filho da vítima) e José Luiz, a respeito do ocorrido naquele dia de sábado, quando, Albenor, apesar de possuir vários veículos, chegou no aeródromo em um gol cor azul de propriedade de terceiros, o réu afirmou que encontrou Dinho ainda no aeroporto de Itaituba, de onde o conduziu para residência.

Segundo o depoente, o percurso entre o aeroporto e sua residência durou em torno 30 minutos, quando os dois chegaram e passaram discutir sobre os valores dos débitos da Cooperativa Ouro Roxo, da qual a vítima era advogado, para com o empresário Albenor Moura.
Mesa da Acusação
O réu disse que não andava armado, mas logo no início da conversa com Dinho, teria ido ao cofre existente no interior de sua residência, de onde pegou as notas promissórias devidas pela cooperativa e ainda uma arma de fogo que colocou na cintura. O acusado disse que no decorrer das discussões, Dinho teria pego os documentos que somaria o montante de um milhão e cem mil reais e disse que a cooperativa só pagaria quatrocentos reais a Albenor. “Ele pegou as promissórias e disse que se eu quisesse receber era o que a cooperativa iria me pagar, se não, que eu fosse receber na puta que pariu.”
A partir de então Albenor passou a contar como aconteceu o assassinato do advogado. “Ele disse pra mim rececer na puta que pariu, eu fui pra cima dele pra pegar as notas promissórias, mas ele me deu tipo um soco com o antebraço que me fez cair ao chão, tento eu me apoiado com a mão na hora da queda. Momento em que eu o vi abrindo zíper da pasta que usava, que saquei a arma. Quando ele viu a arma em minha mão, correu para detrás de uma cadeira dupla de ferro, quando eu atirei em direção a ele tentando amedrontá-lo. Neste instante eu corri, mas ao olhar para trás, vi que ele estava caído, ocasião em que eu voltei e percebi que o tiro havia atingido a cabeça dele.” Disse Albenor.
Mesa da acusação
De acordo com o depoente, o crime não foi presenciado por ninguém, já que no momento ele estava só com Dinho na residência. Após perceber que Dinho estava morto, Albenor disse que foi até a rua verificar se alguém havia ouvido o estampido causado pelo disparo da arma, mas, segundo ele, apesar de haverem várias pessoas em um campinho nas proximidades, ninguém demonstrou ter ouvido o disparo. Diante do que decidiu pela ocultação do cadáver, envolvendo o corpo da vítima em um saco plástico antes de colocá-lo no capu do carro gol, para logo em seguida seguir para o então posto Jacaré, onde ele disse ter chegado por volta das 16h30 tendo jogado o corpo dentro do poço por volta das 19:30, que, na época, já era bastante escuro em nossa região.
Albenor disse ainda que agiu sozinho na morte e ocultação do cadáver do advogado e só falou a respeito da autoria do assassinato após passarem vários dias, afirmando que nem mesmo o seu funcionário que sob sua determinação encheu o poço de pedras e areia, sabia que ele havia jogado o corpo de Dinho no poço.
Questionado pela promotoria sobre sua reação no momento do assassinato, Albenor de descontrolou e, emocionado, disse em voz alta: “A senhora não o que é passar pelo que eu passei!” e passou a chorar, fazendo com que o juiz Claytoney suspendesse a sessão para que o réu se recomposse.
Após o retorno dos trabalhos e encerrada a sessão de perguntas da acusação, foi a vez da defesa composta pelos advogados Caio Fortes de Mathus (FOTO Centro) e Cláudio Dalledene Junior, ambos do Paraná, que estão sendo assistidos pela advogada Laís Oliveira da Silva, filha de Amoroso e sobrinha de Albenor Moura, que passaram a fazer as perguntas ao réu, o que se prolongou até o final da tarde, com a mesa de acusação se retirando em parte do Tribunal do Júri para receber umas imagens que havíamos registrado no primeiro intervalo da sessão.
Mediante as imagens repassadas ao Ministério Público, o julgamento que certamente deveria encerrar neste sábado com o debate entre as mesas de defesa e acusação, e consequentemente o anúncio do veredito foi suspenso pelo juiz Claytoney Passos Ferreira por quebra da incomunicabilidade de jurado.
É que no primeiro intervalo ocorrido as 11h20, a nossa reportagem conseguiu flagrar o advogado de defesa Caio Fortes de Mathus entrando no banheiro onde se encontrava o jurado de pré nome Paulo. Ao ser informado que aquela atitude era inconcebível em um julgamento, pegamos a câmera e ainda conseguimos filmar o jurado nas proximidades do toalete esperando pelo Oficial de Justiça que o acompanhava e, logo opôs, o advogado de defesa saindo do local.
O Flagra - Nós seguíamos para a sede do Ministério Público para emprestar uma caneta, quando percebemos que o jurado professor Paulo, seguia acompanhado de um Oficial de Justiça em direção ao banheiro. Ao retornarmos, percebemos que o advogado de defesa Caio Fortes de Mathus entrava no mesmo lavabo. Logo após percebemos que o Oficio de Justiça ainda se encontrava nas proximidades e de costa para a porta, conversando com uma senhora, entendemos que o jurado ainda poderia está no interior do toalete onde o advogado havia entrado.
Diante da possibilidade do que poderia estar acontecendo algo suspeito, consultamos o advogado Jorge Humberto se aquilo não se tratava de uma ação irregular, com o mesmo nos respondendo que além ser irregular, poderia causar o cancelamento do julgamento. Com o perecer de um dos profissionais mais conceituados de Itaituba, informamos ao III Sargento PM Assis o que estava ocorrendo e o comunicamos que iríamos filmar. No momento em que preparávamos a câmera, o jurado professor Paulo saiu do lavabo e ficou nas proximidades esperando o Oficial de Justiça que foi ao seu encontro para junto seguirem ao tribunal do júri. A filmagem continuou até que o advogado Caio Fortes Mathus saísse do toalete, quando após olhar para direita e para a esquerda, também seguiu ao salão de Júri.
No intervalo do almoço entre 14 e 15 horas nós pudemos observar as imagens detalhadamente na redação do Jornal Folha do Oeste e, diante das imagens que conseguimos captar, procuramos a representante do Ministério Público que imediatamente solicitou a suspensão do julgamento, o que foi feito pelo Juiz Claytoney Passos Ferreira, que marcou uma nova sessão para o próximo dia 29 de agosto.

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