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sábado, 23 de junho de 2012

Jota Parente entrevista Diego Mota sobre pré candidatura

 O jornalista Diego Mota decidiu lançar-se em novos desafios, encarando a dureza de disputar uma cadeira na Câmara Municipal de Itaituba na eleição do dia 7 de outubro. Para desincompatibilizar-se, cumprindo exigências da legislação eleitoral, ele deixou a presidência da Associação dos Profissionais de Imprensa (API) há poucos dias, cargo no qual se destacou como um dos mais atuantes presidentes que já passaram pela associação. Ele falou ao Jornal do Comércio sobre essa nova etapa de sua vida.

JC – O que lhe motivou a tomar essa decisão de ser pré-candidato a vereador?


Diego – Acompanhando os bastidores da política como profissional da imprensa, e vivendo a realidade do município, a gente se sensibilizou com o sofrimento de boa parte da população. Mas, o fator determinante, mesmo, foi minha participação efetiva na luta pela criação do estado do Tapajós, que foi um momento de grande efervescência política em prol de toda uma grande comunidade. Naquele momento a gente percebeu o quanto nossos políticos são descompromissados, o quanto eles olham apenas para seu próprio umbigo e o tanto que eles se preocupam apenas com seus interesses pessoais.
Para mim, naquele momento, ficou claro que existe esse espaço que pode ser ocupado por pessoas que tenham comprometimento político. Reconheço que vivo um bom momento profissional, alavancado pelo nosso trabalho á frente da API, entendendo que não há momento melhor em minha vida para tentar contribuir de uma força mais direta com nossa comunidade. É uma tentativa que a gente espera que dê certo. Se não der, paciência, a vida vai continuar a gente poderá continuar contribuindo com nossa comunidade, na vida pública, ou não.



JC – No seu entendimento, a maioria dos políticos se compromete com uma determinada causa de acordo com suas próprias conveniências?


Diego – Eu entendo que sim, porque de acordo com o que a gente tem observado em nosso município, a gente é muito carente de pessoas pujantes, que dão à cara a tapa, que participam, que evidenciem suas idéias, que apresentem projetos e que defendam o que realmente a comunidade precisa. E diante desse quadro, se a gente se abstiver de participar vamos contribuir para que continue a mesma coisa. E eu, como jovem, como uma pessoa que pensa a respeito dessa situação não posso deixar passar esse momento em branco, colocando meu nome à disposição para ver ser a comunidade também pensa dessa maneira, se ela acha que á preciso mudar, se quer que aconteça uma renovação nos quadros políticos locais. Esse é o termo chave, renovação.


JC – Essa decisão de lançar-e no mundo da política, inicialmente com pré-candidato a vereador foi uma decisão apenas sua, ou ouviu familiares e amigos?


Diego – Essa foi uma decisão muito particular. Primeiro, porque eu sou uma pessoa muito temente a Deus, pedindo sempre a Ele que me ajude na tomada de decisões tão importantes como essa. Em seguida, consultei a família, que deve ser a base de todo homem e em terceiro lugar analisei a questão da popularidade como pretenso candidato. Eu não sou político. Sou um profissional da imprensa que decidiu lançar-se na política e eu não vejo momento melhor do que este para participar desse processo.


Eu sinto na sociedade um desejo de mudança. Ademais, com o aumento de onze para quinze cadeiras as nossas possibilidades aumentam e meu partido, o PMN vai ter condições de ocupar de três a quatro vagas no legislativo local. Esses são fatores que favorecem as nossas chances neste momento.


JC – E como se deu a decisão de filiar-se a um determinado partido, no caso o PMN?


Diego – A lei determina que a gente tem que se filiar a alguma partido, um ano antes da eleição. Antes de terminado o prazo e recebi convite do Dr. Benigno Olasar Reges, que é a grande liderança do PMN no município, além de ser meu amigo particular e de minha família. Aceitei o convite, que foi reforçado pelo pedido do prefeito Valmir Climaco. Hoje, estou convencido de que tomei a decisão certa, porque o PMN tem chapa completa, não precisando fazer coligação na eleição proporcional com nenhum outro partido. Temos bons candidatos, alguns mais experimentados, mas, a maioria mais ou menos no mesmo nível.


JC – Você tem consciência de que, caso consiga eleger-se vereador estará indo para o outro lado. Ou seja: deixará de ser estilingue para virar vidraça?


Diego – Eu sei disso, mas, não gosto da mesmice, gosto de novos desafios. Na minha vida nunca tive nada de mão beijada. Sempre lutei para conquistar os meus objetivos. Dentro da minha profissão eu já cheguei onde eu imaginava que poderia chegar, incluindo a presidência da API, que foi uma experiência muito enriquecedora. Então, eu entendo que, se a gente conseguiu fazer alguma coisa fora da política, se conquistarmos algum cargo político poderemos fazer muito mais. Contudo, tenho consciência dessa mudança que pode ocorrer, passando a ser, sim, alvo de críticas, ou vidraça.


JC – Você espera contar com o apoio efetivo do pessoal da imprensa?


Diego – Eu tenho conversado muito com os colegas sobre o fato de o momento ser bem propício para elegermos nosso representante. Tivemos o colega R. Lopes, que foi quem chegou mais perto, houve colegas que também já foram candidatos, mas, temos enfatizado a importância de aproveitarmos este momento favorável, em vez de ficarmos apenas assistindo e acompanhando o processo. E embora nosso grupo seja pequeno, temos pessoas de muita influência, de muita capacidade. Ser da imprensa me favorece muito em relação a outros candidatos totalmente desconhecidos, porque eu não preciso me apresentar na casa de ninguém, por já ser uma pessoa muito conhecida na cidade. Não sou um candidato de muitas posses, mas acredito nessa linha de trabalho, que passa pela renovação.


JC – Você tem consciência de que o fato de ser uma pessoa conhecida por seu trabalho na televisão não é garantia de votos?


Diego – Tenho absoluta consciência disso. Sei que terei que gastar muita sola de sapato, sei que terei que andar muito, assumindo compromissos sem fazer promessas. Tenho consciência de que a mídia auxilia, mas, não garante nada nessa questão de conquista de votos. Ela é fundamental, auxilia, mas, a gente tem que trabalhar bastante para conseguir o sucesso almejado.


JC – Muitos candidatos a vereador prometem o que não podem fazer. No seu caso, que mensagem pretende levar ao eleitor durante a campanha?


Diego – O candidato tem que ter o cuidado de não ficar prometendo coisas que não poderá fazer se for eleito. Eu acho que o vereador tem que parar de fazer requerimento e começar a produzir projetos, porque o requerimento é uma espécie de bilhete que se manda para o prefeito. Já o projeto, não, ele identifica de onde vem o recurso e o que pode ser feito. Uma prova disso foi a praça que conseguiu o vereador Dadinho para o bairro da Floresta através de um projeto junto ao governo federal.


Pretendo trabalhar, principalmente junto à juventude, na área social e no setor de geração de emprego e renda. Passa por minha cabeça a necessidade da criação da Guarda Municipal, projeto no qual, se eleito, pretendo trabalhar. Melhoraria a segurança da cidade, além de gerar um bom número de empregos.


JC – Como o pré-candidato Diego Mota pretende superar uma provável escassez de recursos na campanha, já que o município é bem grande?


Diego – Quando chegar a campanha eu pretendo concentrar meu trabalho na área urbana da cidade, que é onde eu seu conhecido, sem menosprezar a importância do trabalho no interior, mas, de maneira pontual. A concentração de esforços terá que ser mesmo na cidade.


JC – O PMN, seu partido, deve caminhar junto com o grupo que vai apoiar a candidatura do prefeito Valmir Climaco, que goza de uma grande impopularidade. Você está preparado também para isso?


Diego – É verdade. Nosso partido apóia o governo do prefeito Valmir Climaco, embora tenha convite de outros grupos para a eleição. Uma das exigências do PMN para o prefeito é para ele não pressionar a gente para fazermos coligações proporcionais com ninguém pelos motivos anteriormente explicados, embora a gente saiba que partidos que acompanham Valmir pressionem para coligar com a gente. Sabemos que hoje existe essa rejeição ao nome do gestor, mas, entendo que isso está melhorando, na medida em que os trabalhos começam a ser acelerados, o que deve fazer com que esse quadro mude.


JC – Mesmo subindo para quinze o número de cadeiras, você acredita em grande renovação nos quadros da Câmara?


Diego - Eu não tenho nenhuma dúvida disso. A gente anda pela cidade e observa o desejo das pessoas por mudança. Eu acho que assim como em outras atividades, o candidato a qualquer cargo político deveria ter curso superior. Já que não há essa exigência, o que a gente tem que fazer é escolher melhor. Temos que prestar atenção para as mudanças que estão acontecendo e as que estão por acontecer em nossa cidade, e isso também passa pela política. Então, creio numa grande renovação no legislativo.


JC – Já que o aumento do número de cadeiras na Câmara era opcional, você vê necessidade de passar de onze para quinze os vereadores de Itaituba?


Diego – Entendo que a opção pelo número de quinze vereadores foi uma decisão sensata. Esse foi um número de vereadores que Itaituba já teve, temos que pensar que o município tem mais de cem mil habitantes e que vai ter uma explosão demográfica com a chegada das obras das hidrelétricas em breve, assim como dos portos de Miritituba e nós precisamos de representatividade. Acredito que os quinze são um bom número.


JC – Você acha que falta uma maior participação da comunidade na política, principalmente dos mais esclarecidos, que tanto criticam?


Diego – Creio que sim. O problema é que os políticos estão muito desacreditados. Até mesmo uma pessoa de bem que se mete com bons propósitos é tachado por muitos de querer entrar para roubar. No caso do legislativo, eu já fui a muitas sessões onde não havia uma única pessoa assistindo. É preciso resgatar a credibilidade do legislativo e da política em geral. De minha parte, se as pessoas me derem esse crédito de confiança, eu pretendo retribuir com muito trabalho pela comunidade.

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