Páginas

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Simão Jatene, o governador do Tapajós

Blog do Manuel Dutra - O governador do Pará, Simão Jatene, foi a grande estrela, o mais aplaudido na festa de gala que começou ontem e terminou na madrugada de hoje no salão de luxo do Tropical Hotel de Santarém, onde a elite política, empresarial, cultural e popular se reuniu, ao lado das  mais altas autoridades do Estado do Pará para comemorar "comme il faut", como escrevem os colunistas sociais, os 350 anos da cidade que pretende separar-se justamente do Pará a fim de tornar-se capital do Tapajós.

Ali estava a prefeita Maria do Carmo Lima, a dona da festa, ao lado de Jatene, da presidente do Tribunal de Justiça do Pará, todo o secretariado de governo e um sem número de autoridades que, pela sua posição institucional e mesmo pessoal, são  absolutamente contrários à palavra "sim" que a elite local anuncia defender no plebiscito que acontecerá no final do ano.


Difícil, se não impossível imaginar que após a festa desta madrugada aquela elite local vá sair por aí pregando a criação do Estado do Tapajós, instigando os eleitores a assinalar o "sim" na cédula do plebiscito, tamanhos foram os aplausos ao maior de seus "adversários" políticos. Não que houvesse qualquer necessidade de hostilidades, como não havia nenhuma necessidade de tamanha cerimônia de beija-mão. Em alguns momentos parecia que a festa perdia a finalidade, o aniversário de Santarém, para se tornar um momento de homenagear "o mais santareno" dos governadores, tal como a prefeita comparou Jatene ao ex-governador Fernando Guilhon.

Simão Jatene estará presente a outras festas até amanhã, durante os três dias em que "instalou o governo" nesta cidade.  No emocionado (e esperto) discurso que fez no fim da festa, o governador do Pará aventou a possibilidade de "instalar" o governo em Santarém a cada três meses, sugerindo que o vice-governador, o santareno Helenildo Pontes, "fique em Belém" equanto ele, Jatene, venha com mais frequência ao Oeste do Estado, para "administrar" o Pará daqui, anunciar obras e também prescar e tocar violão.

Em seu discurso, depois de referir-se a uma cidade "que está cada dia melhor", a prefeita Maria do Carmo reconheceu que "tem uns buracos aí pelas ruas" e publicamente pediu dinheiro a Jatene para melhorar as vias públicas, em estado mais do que precário. "Essa foi a facada mais macia que eu já recebi de um prefeito", disse Jatene, dando a entender que dará dinheiro para as carências municipais.

No correr do dia, ele já tinha cumprido uma maratona de visitas a obras custeadas pelo governo do Estado, como um centro esportivo que mandou ampliar, alterando o projeto inicial, melhorias no abastecimento d'água, e fez contatos com moradores que pediam a sua intervenção para a solução de problemas de motradia popular.

Na festa desta madrugada foram homenageados 110 personagens locais e de Belém com a Medalha dos 350 Anos. Ao agradecer a sua, o governador Jatene disse que ali não estava uma homenagem de caráter pessoal, mas uma homenagem do povo santareno a todos os paraenses. Esse foi o tom seu discurso - "todos os paraenses" - só não explicitando que "todos os paraenses" votem maciçamente contra a criação do Estado do Tapajós no plebiscito, como é o seu desejo. Jatene já botou a campanha na rua pela via do salão do Hotel Tropical. A campanha dos separatistas ainda não tem data, até porque, na festa desta madrugada, todos os presentes entoaram a última estrofe do Hino de Santarém, que diz: "Santarém, meu Pará, meu Brasil". E assim parece que muitos dos presentes preferem continuar cantando, haja vista a homenagem do arromba ao seu "adversário".

Na platéia, sob os acordes do Hino do Pará, conversando baixinho, alguém aventou a possibilidade de Simão Jatene estar na posição presidir a última cerimônia oficial paraense nesta região, mas não falou alto e depois bateu palmas quando o governador afirmou que "o Hospital Regional" de Santarém "não é obra minha", mas um presente de "todos os paraenses" ao povo do Oeste.

E assim, sob os aplaudos de centenas de "separatistas" o governdor unionista foi desmontando a campanha do plebiscito sem mencionar uma única vez esse palavrão num ambiente em que até a palavra Tapajós era tão somente  o nome do rio.

Se a coisa continuar assim, o governo do Pará nem precisará de grande esforço. É só esperar o dia do plebiscito... 
Fonte: Blog do Jota Parente

Nenhum comentário:

Postar um comentário