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terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Salário mínimo pode chegar a R$ 465

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva prometeu manter o reajuste do salário mínimo após uma reunião com representantes de seis centrais sindicais do país. Depois de uma reunião de três horas, o presidente aceitou manter a atualização do mínimo em 5,7%, o que elevará o pagamento dos atuais R$ 415 para R$ 465 a partir de 1º de fevereiro.
O presidente se encontrou com os sindicalistas para discutir medidas que evitem demissões por conta da crise. Na reunião, Lula se mostrou surpreso com os números do desemprego no país registrados pelo Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) divulgados pelo Ministério do Trabalho nesta segunda-feira (19). O Caged registrou o fechamento de 654 mil postos de trabalho em dezembro, mais que o dobro da média registrada para o mês e o pior resultado desde 1999 --início da série histórica do cadastro.
"O presidente Lula não esperava um número tão alto. Ele se mostrou muito assustado", disse José Gabriel dos Santos, diretor da área industrial da NCTB (Nova Central de Trabalhadores do Brasil).
De acordo com os líderes sindicais, Lula disse que deve anunciar nos próximos dias um novo pacote de medidas de isenção fiscal para o setor de construção civil, um dos que mais emprega no país.
Os detalhes desse pacote não foram revelados pelo presidente durante a reunião, mas Lula disse considerar o setor estratégico para conter a onda de demissões devido a crise financeira
internacional.

Manutenção de empregos

Os sindicalistas voltaram a cobrar do governo um compromisso de manutenção dos empregos por parte das empresas que recebem financiamento público e benefícios fiscais.
O ministro do Trabalho, Carlos Lupi, já afirmou que as empresas não podem usar a crise econômica mundial para demitir e que não haverá mais liberação de recursos para empresas sem garantia de emprego.
Lupi reiterou que as empresas que não derem garantia de que irão manter o emprego dos trabalhadores não terão mais acesso a empréstimos com novos recursos do FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço) e do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador). "O ministro Mantega fez esmola com o chapéu dos outros. Deu a desoneração fiscal para as montadoras e no outro dia elas começaram a demitir", disse o presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força.
Segundo o presidente da CUT (Central Única dos Trabalhadores), Artur Henrique dos Santos, o presidente Lula se mostrou favorável a que os bancos públicos ofereçam melhores condições nos empréstimos para os empresários que se comprometam em não demitir. É uma proposta que não pune quem demitiu, mas dá vantagens para quem não demitir", afirmou.
Redução nos juros

Segundo os sindicalistas, o presidente também decidiu convidar para uma reunião a ser realizada na próxima quarta-feira (21) donos de bancos privados e representantes dos bancos públicos. De acordo com os líderes sindicais, Lula vai pedir aos banqueiros a redução do spread bancário --diferença entre os juros básicos e valor cobrado nos bancos-- e ainda tentar discutir alternativas para a redução dos juros cobrados nos empréstimos.
Os líderes sindicais defenderam junto ao presidente a redução imediata da taxa básica de juros em até 2,5%. No entanto, Lula evitou emitir opinião sobre o assunto que será decidido na próxima reunião do Copom (Comitê de Política Econômica) do Banco Central, que começa nesta terça-feira e vai até esta quarta (21).
"Quarta-feira será o primeiro teste do governo. Se a redução for acima de 1% estamos satisfeitos", disse Paulinho. "Lula disse que essa [a questão do spread] é uma das questões mais importantes para se discutir nesse momento, porque o problema do Brasil é crédito e o dinheiro, do jeito que está caro, não pode ser mantido", disse Paulinho da Força.
Os sindicalistas reclamaram com o presidente que o spread do Banco do Brasil é o mais alto do sistema financeiro nacional. Na última semana de dezembro, por exemplo, o spread praticado pelo banco público foi de 25,9%. Houve bancos privados que mantiveram essa diferença em 15%. "Mostramos esse quadro ao presidente e ele se mostrou indignado", destacou Antônio Neto, da CUT.



Folha Online

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