quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Pará perdeu mais de onze mil postos de trabalho em um mês

O Pará obteve o seu pior desempenho na geração de emprego dos últimos dez anos, com a extinção de cerca de onze mil postos de trabalho no último mês de dezembro. Os dados são referentes à pesquisa do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) sobre a flutuação dos postos de trabalho no Estado, com base em números do Ministério do Trabalho.
Apesar do elevado número de demissões realizadas em dezembro, o ano de 2008 foi fechado com um saldo positivo quando comparado o número de contratações e desligamentos no mercado formal da economia em novembro.

Foram realizadas 14.473 admissões e 25.848 demissões, o que gerou saldo negativo de 11.375 no número de postos de trabalho. O dado representa um decréscimo de 2,1% no quantitativo de empregos em relação ao mês de novembro. Todos os Estados da região norte também tiveram resultados negativos no mês de dezembro. Na região, foram registradas 34.330 contratações contra 67.772 demissões, diminuindo em 33.442 postos de trabalho. A maior queda em número de empregos em dezembro foi no Amazonas, com um decréscimo no emprego formal de 3,67% e a perda de 13.070 postos de trabalho. Apesar do alto índice de distratos, de janeiro a dezembro de 2008, o saldo foi positivo. Mas o saldo obtido no ano equivale a menos da metade do alcançado no ano de 2007.

Nesse período foram feitas em todo o Pará 272.339 contratações contra 263.613 desligamentos, criando 8.726 empregos. Já em 2007, foram feitas 243.209 admissões contra 215.206 demissões, gerando um saldo de 28.003 postos e crescimento de 5,83%. O ano de 2008 fechou com a geração de cerca de 16 mil postos de trabalho a menos que em 2007.

Todos os sete Estados que compõem a região Norte apresentaram saldos positivos no comparativo entre admitidos e desligados. O melhor desempenho foi verificado no Amapá com um crescimento de 4,17% e um saldo positivo de 1.949 postos de trabalho. O Dieese e as Centrais Sindicais estão programando uma série de conversas que irão envolver todos os setores econômicos do Estado, e também o Governo Estadual.

Desemprego deve ser contornado

Na manhã de ontem, a coordenação do Dieese-Pará juntamente com representantes das centrais sindicais, entre as quais a Central Única dos Trabalhadores (CUT), Força e União Geral dos Trabalhadores (UGT) apresentaram à imprensa medidas para enfrentar o problema do desemprego no Estado do Pará que deve aumentar por conta da crise econômica mundial. Segundo o estudo apresentado pelo Dieese, levando em consideração todos os setores de atividade econômica, o Estado paraense pela primeira vez, em 2008, levando em consideração os dados fechados do mês de novembro, apresentou resultados negativos na flutuação de postos de trabalho. O desemprego atingiu praticamente todas as áreas, à exceção do setor mineral, que demitiu 124 trabalhadores, mas contratou 150, tendo uma variação de 0,24%.

“Tivemos várias discussões com as centrais sindicais para começarmos a procurar o governo e a patronal para discutir uma fórmula, pois quem pagará o ônus da crise será o trabalhador”, afirmou Roberto Sena. Segundo ele, o Pará cresceu pela metade se comparado o ano de 2008 ao de 2007, no período de janeiro a novembro. A variação em 2007 foi de 6,65%, enquanto que no ano passado atingiu somente 3,92%.

Os representantes sindicais foram unânimes em dizer que as empresas estão querendo, agora, dividir os prejuízos da crise. “Estão querendo tirar benefícios dos trabalhadores. Vamos procurar o governo para saber quais as melhores saídas”, disse Gilvan Silva, da UGT. Foi divulgado ainda que nos últimos meses, por conta da crise, mais de mil pessoas foram desligadas nas cidades de Barcarena, Parauapebas, Marabá e Castanhal. Todas com mais de um ano de carteira assinada. “Vai ser difícil flexibilizar os direitos dos trabalhadores. A maioria deles não tem plano de saúde”, assegurou Ivo Borges, da Força Sindical. “Os desdobramentos da crise atingiram as atividades das indústrias de transformação, e agora devem atingir o comércio e serviços. Saímos do mês de festas, e agora seguramente será diferente em janeiro”, acrescentou o representante da UGT. Sobre a melhor forma de contornar a crise, Roberto Sena avaliou: “O primeiro semestre poderá ser difícil, mas se trabalharmos melhor, o segundo semestre será melhor e a saída será menos traumática”.

Diário do Pará

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