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domingo, 21 de dezembro de 2008

Governo estuda a venda do Banpará ao BB






O governo do Estado estuda a possibilidade de vender o Banpará para o Banco do Brasil. O interesse em vender o banco vem do crescente esvaziamento dos bancos estaduais e da grande mudança prevista para 2012, quando prefeituras e governos não poderão mais direcionar pagamentos para os bancos. Pelo sistema de portabilidade, o funcionário público terá livre arbítrio para determinar onde irá receber seus salários. Sem esse importante trunfo, bancos como o Banpará perdem muito de sua força e razão de existir.

A própria negociação entre prefeituras e governos estaduais e bancos para direcionar folhas de pagamento começa a ser afetada pela proximidade do prazo para implantação da portabilidade. Segundo um especialista, já a partir deste ano, dificilmente os municípios conseguirão “vender folha de pagamento”, como se diz no meio bancário, pois os grandes bancos precisam de, no mínimo, três anos para absorver e capitalizar esse tipo de patrimônio.

Em recente solenidade oficial, um secretário de governo admitia que o Banpará está sendo transacionado com o Banco do Brasil, embora o fato seja tratado com extrema cautela. “Não há sentido em continuar com o banco, que aos poucos se transforma em mero pagador de folha de funcionários. Além disso, com o interesse do BB, não se pode perder oportunidade tão favorável”, comentou.

Em assembléia geral extraordinária realizada pelo Banpará em junho deste ano, a ordem do dia incluiu o grupamento de ações. Por orientação da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), os bancos estão extinguindo o fracionamento das ações, que passam a ser divididas por blocos de mil. Significa, por exemplo, a eliminação de pequenos acionistas portadores de cinco ou 100 ações. Só permanecem os donos de lotes superiores a mil ações. A adoção do grupamento de ações pode significar que o Banpará está se adequando às normas da CVM, mas pode indicar também a preparação para um processo de transação.

Economista, que é funcionário de carreira do banco, aponta outra forte razão para se acreditar que o governo já encaminha negociações com o Banco do Brasil: a saúde financeira do Banpará. Depois de 12 anos de baixa durante os governos de Almir Gabriel e Simão Jatene, quando não conseguiu levantar vôo nem mesmo com o suporte de capitalização gerado pelo Proer, no governo Fernando Henrique Cardoso, o banco estadual paraense atravessa momentos de franca prosperidade.

Banco dobrou o patrimônio líquido

Durante o período de governos tucanos, o Banpará perdeu significativo espaço no sistema bancário nacional. “O banco estava tão em baixa que o então governador Almir Gabriel chegou a pensar em venda naquele período”, afirma o economista. A partir da gestão de Edilson Sousa (oriundo dos quadros do Banco Central), o Banpará dobrou seu patrimônio líquido. “O crescimento é significativo e o banco voltou a ser atraente”,avalia o economista. Cenário, portanto, dos mais propícios para encaminhar a venda.

Os governos gaúcho e de Brasília já admitem o interesse em vender Banrisul e BrB. O banco capixaba já estaria em negociação e, segundo um consultor da área bancária, caso os dois menores (Banpará e Banese) fiquem sozinhos perdem valor de barganha para futuras vendas.

Sob todos os pontos de vista, a conjuntura macroeconômica favorece fusões e incorporações no setor bancário, deixando em situação difícil os pequenos bancos. A negociação em marcha com o Banpará seria nos moldes da que foi concretizada entre Banco do Brasil e Nossa Caixa (SP), a partir da medida provisória do governo que autorizou a compra de bancos pelo BB.

Politicamente, os dois menores bancos, o sergipano Banese e Banpará, são administrados por governos do PT. Os maiores (Banrisul, BrB e Banestes) pertencem a governos do PSDB, DEM e PMDB, respectivamente. Essa configuração partidária pode também ajudar a decidir o jogo em favor da incorporação pelo BB, aliada ao fato de que o presidente Lula já anunciou publicamente a intenção de recuperar a liderança do BB no setor bancário– perdida com a fusão entre Itaú e Unibanco.

Diário do Pará

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